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Um grupo de moradores do bairro social da Vila Robim, Tavarede, Figueira da Foz, veio ontem a público insurgir-se contra o estado de abandono dos edifícios e acusar a empresa municipal de habitação Figueira Domus de "falta manutenção". Os arrendatários contestam ainda os aumentos "abruptos" das rendas sociais que, em alguns casos, superaram os 50%.
Segundo os contestatários, em causa está a falta de iluminação no espaço de acesso público a alguns apartamentos sociais, campainhas estragadas, portas de entrada partidas ou, simplesmente, humidade em algumas casas.
"Não há manutenção nos imóveis, apesar das reclamações apresentadas pelos moradores. Isto é uma vergonha", observa Helena Caneiro.
António Dias, residente no lote 4, afinou pelo mesmo diapasão no tom das críticas. "Não há luz nas escadas do prédio, os azulejos estão constantemente a cair e a minha casa está cheia de humidade. Assim, não se consegue viver com o mínimo de dignidade", adianta.
"Já por diversas vezes falámos com eles [Figueira Domus] sobre estes problemas e nada, não querem saber. Quem estragou que arranje e quem estiver mal que se mude. É esta a resposta que nos dão", reforçou Helena Caneiro.
Os moradores contestam ainda o "abrupto e injustificado" aumento das rendas sociais. "Eu pagava 174 euros e passei a pagar 388 euros. Isto é um bairro social, de pessoas pobres, não é nenhum condomínio de luxo. Por este preço mais valia viver num hotel", reclamou Olímpia Rainha, outra residente.
Contactada pelo JN, Teresa Machado, presidente do Conselho de Administração da Figueira Domus, refutou as críticas dos moradores. "Os residentes queixam-se da falta de manutenção da nossa parte e nós queixamo-nos da falta de civismo de alguns. Por diversas vezes intervencionámos o bairro e essas melhorias foram, sucessivamente, vandalizadas. Quanto às rendas, as mesmas só são alteradas quando há mudanças nos rendimentos dos inquilinos ou do agregado familiar", assegurou.
O empreendimento da Vila Robim, inaugurado em 2001 por Santana Lopes, então presidente da Câmara, é composto por quatro blocos de apartamentos, com 72 fogos.