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O pintor norte-americano Tom Wesselmann, um dos mestres da Pop Art conhecido, sobretudo, pelos seus nus femininos, faleceu, na passada sexta-feira, aos 73 anos. Segundo anunciaram, ontem, os seus familiares, o artista não resistiu a uma intervenção cirúrgica ao coração, no Centro Médico da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
Juntamente com Roy Liechtenstein e Andy Warhol, Wesselmann era o último sobrevivente do trio emblemático de pintores da Pop Art norte-americana que, na década de 60, aderiu ao expressionismo abstracto e ao minimalismo. Mas este novo abstraccionismo nada tinha que ver com a subjectividade e o lirismo de outras pinceladas sobre a tela. A eles se deveu a reintrodução da figuração na pintura e integração dos códigos de liguagem publicitária e de banda desenhada nas suas criações.
Tom Wesselmann realizou dois tipos de obras - os grandes nus femininos, pelos quais ficou irremediavelmente conhecido, e as naturezas mortas, representando objectos do quotidiano. Relógios; cigarros (muitos) entre lábios insistentemente encarnados; produtos alimentares, e não só, comercializados na época; jarras com flores; possíveis casas-de-banho e quartos foram alguns dos motivos da realidade mais concreta que reinventou nos seus quadros.
Nascido em Cincinnati, no estado norte-americano de Ohio, em 1931, antes da arte, Wesselmann concluiu os estudos académicos de Psicologia, na sua terra natal. Mas não demorou a dedicar-se por completo à pintura, desenvolvendo a sua vertente artística na Art Academy e na Cooper Union School of Art and Architecture, em Nova Iorque.
No interior da corrente "new super realism", o artista potenciava a informação transmitida melos meios de comunicação de massas, sintetizando a mensagem em desenhos simples, bem destacados entre si por cores incansavelmente berrantes.
A ideia, defendiam, na época, os artistas do movimento de arte popular, era comunicar directamente com o público através dos símbolos libertados pela televisão cinema e publicidade. Reciclavam as mensagens e, opondo-se ao círculo fechado da arte moderna, impregavam-lhes humor e crítica.
Ao contrário do que vinha sucedendo no Reino Unido, nomeadamente, com Richard Hamilton (autor da célebre colagem "O que torna, exactamente, os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?", de 1956), nos Estados Unidos, a Pop Art não se deteve em manifestos escritos, nem em trabalhos isolados.
Daí que, em 1963, duas exposições reformularam o conceito britânico. "Arte 1963 novo vocabulário", no Arts Council, em Filadélfia, e "Os novos realistas", na Sidney Janis Gallery, em Nova Iorque, lançaram e firmaram os nomes do trio, mas também os de Claes Oldenburg e James Rosenquist. As mostras fundamentavam-se no material publicitário e outros de cariz mediático. Note-se que, para os norte-americanos, foram relevantes as colagens de Robert Rauschenberg e as imagens de Jasper Johns, bem como algum legado do surrealismo e dadaísmo.
* com Lusa