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Começa, hoje, na SIC, a história que conta a saga da família da sensual e impetuosa nordestina Maria do Carmo (Suzana Vieira), no Rio de Janeiro, que tem sido do agrado do público brasileiro, justamente por conta das características que lhe são mais peculiares: a polémica e a diversidade.
Logo na sua estreia no Brasil, no dia 28 de Junho, "Senhora do destino" obteve uma média de 51 pontos de audiência, com um pico de 58. Desde então, tem-se mantido na faixa entre os 50 e 55 pontos.
Exibida no horário nobre da Rede Globo (às 21 horas), fica claro que a obra de Agnaldo Silva não é do tipo que agrada a gregos e troianos. E tão pouco mobiliza tanto os telespectadores como a sua antecessora ("Celebridade"). Porém, agrada.
"Senhora do destino" é bem construída, com personagens marcantes e um elenco de primeira", avalia a arquitecta Patrícia dos Reis. O estudante José Silva concorda com ela. "Alguns personagens têm características marcantes, são estereótipos até, mas actores como José Wilker, Eduardo Moscovis, José de Abreu não os deixam partir para o lado caricato, o que já acontece com a alpinista social e vulgar Viviane, interpretada por Letícia Spiller".
O também estudante Rafael Cavalcanti diz que gosta muito da novela de Agnaldo Silva devido à sua "história interessante e inovadora". E faz questão de ressalvar a boa forma e a "brilhante actuação" de Suzana Vieira.
Já o professor universitário Amado Ortiz chama a atenção para alguns erros no que diz respeito à parte histórica da trama. "Como o acto falhado ao avaliarem a idade dos filhos da protagonista já que, quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1968, o seu filho menor parecia ter uns cinco anos de idade. Actualmente, na trama, por causa dos seus comportamentos e hábitos, e até pela aparência, ele não passa de uns 23 anos. Contudo, pela lógica - já que a novela é situada nos anos 90 -, ele deveria ter pelo menos uns 35 anos. O mesmo acontece com a filha desaparecida de Maria do Carmo, a Isabel (Carolina Dieckmann). Já para não falar que o telefone que existe na casa de Carmo é um aparelho conhecido como bina, que ainda não existia nos anos 90".
A publicitária Jennifer Pinto, que também reparou em tais "actos falhados", limita-se a dizer que "fora este e outros cinco mil erros, 'Senhora do destino' é uma delícia!". E justifica porquê. "José Wilker (co-mo Viriato) e Heitor Martinez (filho de Viriato) estão perfeitos nos papéis de malandros do Rio, magnatas do mundo do samba e milionários sem classe. Leandra Leal (a Claudinha), que no meio da trama fica órfã, tem os seus momentos de tristeza, mas nada de melodramático. E Mara Mazan, no papel de mãe e dona de casa, mostra-se preocupada com certas atitudes do filho e do marido, mas está sempre bem humorada. Melhor ainda é rever Flávio Migliaccio a trabalhar tão bem depois de tanto tempo afastado das telinhas". Marília Gabriela, mais conhecida como jornalista, é outro dos trunfos do elenco.
A diversidade dos pontos de vista explorados na novela e as diferentes opiniões sobre a mesma terão também contribuído para prender o espectador. No Brasil , tem sido assim. Há sempre quem não queira ficar de fora das últimas críticas ou, então, situações bombásticas que recheiam a "Senhora do destino".