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A SIC estreia esta noite em horário nobre um programa dedicado à reportagem, o género maior do jornalismo no entender de Daniel Cruzeiro, o coordenador de "Reportagem SIC".
boa aceitação dos espectadores às rubricas de reportagem do "Jornal de sábado" levou a que estas se autonomizassem e conquistassem um programa na grelha. Semanalmente, a equipa liderada pelo editor Daniel Cruzeiro mostra em antena temáticas de interesse público, como o desemprego entre pessoas de formação superior, que será a reportagem de estreia.
Jornal de Notícias] O novo espaço "Reportagem SIC" é um programa ou uma rubrica?
Daniel Cruzeiro] Eu chamar-lhe-ia programa porque já foi uma rubrica quando fazia parte do "Jornal de sábado" e agora o que nós fizemos foi autonomizar o espaço de grande reportagem que temos na SIC. Mas, por outro lado, é um herdeiro de todos os programas de reportagem que temos nesta casa e, portanto, mantém o mesmo espírito ao nível editorial. É só ruptura em termos de formato, porque vamos deslocá-lo para domingo e autonomizá-lo.
Como é que uma estação privada consegue suportar este investimento?
É de facto um esforço grande. Mas gostaria de lhe chamar um investimento, porque tem retorno quer ao nível de prestígio quer ao nível da venda de reportagens e de documentários para o estrangeiro. Sobretudo ao nível da consolidação da marca. Nunca deixámos de fazer grande reportagem na SIC. Acho que a grande reportagem está inscrita no código genético da SIC e da informação da SIC. Somos o único canal generalista que tem grandes reportagens em "prime time" há anos consecutivos.
Qual a duração?
O "Reportagem SIC" pode ir dos 20 aos 50 minutos, dependendo da temática e do material recolhido. Por norma, vamos andar à volta dos 30 minutos, mas o formato não é estanque. Temos uma abordagem diferente. Em cada tema e material recolhido é feita uma avaliação sobre quanto vale em grelha, no sentido de explorar a investigação na justa medida da sua importância.
Acha que a sobrevivência do género reportagem passa por esta elasticidade?
Eu não relaciono o tempo das reportagens com a sua sobrevivência. Nós temos feito no âmbito do "Jornal da noite" e do "Jornal de sábado" grandes reportagens que são o período mais visto do jornal. A minha avaliação é derivada da análise dos números e das audiências. Por isso é que nós temos condições de colocar no horário nobre da informação programas de grande reportagem. Não sou daqueles que pensa que a informação tem que ser má para ter audiência.
As reportagens exibidas pela SIC têm sido premiadas no estrangeiro. Os prémios são significativos para a equipa?
Nós não fazemos jornalismo para ganhar prémios. Procuramos histórias, temas que sejam o mais originais possível e que devem receber visibilidade. Se, depois, as pessoas nos distinguem, para nós isso é um motivo de grande felicidade. Mas não temos a lógica de trabalhar para os nossos pares.
Existem diferenças entre a grande reportagem e o jornalismo de opinião?
No espaço da grande reportagem há amplitude para temas de vária ordem. Tem-se assistido a uma redução do tempo de investigação que depois se materializa em grandes reportagens. Isso é uma evidência no nosso país, que é pequeno. Há é menos jornalismo de investigação. E quando se faz tem de haver um suporte, que é a grande reportagem. Estão intimamente ligadas.
Qual vai ser o tema da primeira reportagem?
A primeira reportagem é sobre desemprego. Mas com um ângulo diferente das reportagens que temos visto. É sobre desemprego de mestres e doutorados. Pessoas que têm altas qualificações e estão fora do mercado de trabalho. Encontrei casos dramáticos de pessoas que são doutoradas no estrangeiro e quando chegam a Portugal não encontram lugar, porque não há investimento das empresas na inovação, nas novas tecnologias ou na investigação.