Presidente da República, Governo e editora da poetisa reagem ao seu desaparecimento, aos 66 anos, assinalando a sua qualidade literária e académica e o empenho cívico.
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O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou este sábado a morte de Ana Luísa Amaral, uma escritora "veementemente do seu tempo", destacando a singularidade das suas obras. Numa nota publicada na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que entre a primeira "poesia reunida" de Ana Luísa Amaral, publicada em 2005, e a segunda, em 2010, "tornou-se claro que nenhum roteiro da poesia portuguesa das últimas décadas ficava completo sem Ana Luísa Amaral, não pelas semelhanças com outros, mas pelas singularidades: determinada temática, determinada imagética, e uma certa toada, melódica e dissonante, tocante e irónica".
"Escapando à homogeneidade um pouco fictícia das 'gerações', Ana Luísa Amaral não deixou de ser veementemente do seu tempo; diversificando os seus trabalhos, produziu uma incindível unidade", considerou Marcelo Rebelo de Sousa. "Para usarmos os versos de um dos seus poemas mais conhecidos, podemos dizer que o 'excesso mais perfeito' é aquele que abdica da soberba mas não da ambição", acrescentou. Lamentando "com grande pesar" a morte da escritora, o Presidente da República lembrou que, em abril, Ana Luísa Amaral foi condecorada com o grau de Comendador da Ordem de Sant'Iago da Espada e que a entrega das insígnias estava prevista para a abertura da Feira do Livro do Porto, no final deste mês, "onde seria, e será, homenageada". Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda a carreira universitária da escritora, na Universidade do Porto, e a intervenção cívica, com a tese sobre Dickinson, os ensaios sobre as "Novas Cartas Portuguesas", o "Dicionário de Crítica Feminista", bem como "o empenhamento em causas culturais, sociais e políticas".
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Também o primeiro-ministro, António Costa, enalteceu este sábado a poetisa Ana Luísa Amaral, que morreu sexta-feira, aos 66 anos, como "uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea", numa publicação na sua conta oficial no Twitter. "Deixou-nos, demasiado cedo, Ana Luísa Amaral, uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea. Tradutora, professora de literatura e uma referência dos estudos feministas em Portugal, deixa uma extensa obra poética, onde concilia o trivial com uma elevada erudição. À sua família e amigos, expresso as minhas sinceras condolências", lê-se na mensagem deixada por António Costa.
O ministro da Cultura, por seu turno, manifestou "profundo pesar" pela morte da poetisa Ana Luísa Amaral, descrevendo-a como "uma das vozes mais lúcidas e inteligentes da nossa literatura" e alguém que "servirá de inspiração e exemplo". Numa nota de pesar enviada à agência Lusa, Pedro Adão e Silva reagiu à morte da escritora, investigadora e docente universitária recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana. "O ministro da Cultura manifesta profundo pesar pela morte de Ana Luísa Amaral, autora de uma obra de grande valor literário, mas, também, de grande significado social e político, que celebrou, deu espaço e destaque ao património cultural construído no feminino", lê-se na nota. Pedro Adão e Silva recorda, ainda, Ana Luísa Amaral como "uma das vozes mais lúcidas e inteligentes da nossa literatura". "Alguém com um percurso que, com a poesia no centro, servirá sempre de inspiração e exemplo", conclui.
O Grupo Porto Editora, que inclui a editora Assírio & Alvim, chancela que edita a obra da poetisa, também reagiu com "profundo pesar", à morte de Ana Luísa Amaral, lembrando que a sua obra está publicada em diversos países e mereceu inúmeras distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro. A Porto Editora lembra a escritora, tradutora e professora universitária pela "vasta obra publicada entre poesia, teatro, ficção, ensaio e literatura infantojuvenil" e recorda que, em maio, foi publicada a antologia "O Olhar Diagonal das Coisas". "À família, amigos e leitores, o Grupo Porto Editora apresenta as suas sentidas condolências", lê-se ainda na nota.