Diogo Piçarra atua esta noite na segunda semifinal do certame. A sua "Canção do fim" é a que reúne mais visualizações entre os excertos publicados no YouTube.
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Os olhares voltam esta noite a pousar nos 800 m2 do Estúdio 1 da RTP, em Lisboa, onde uma nova vaga de concorrentes tenta ser eleita para a final do Festival da Canção, que acontece a 4 de março, em Guimarães. Enquanto os últimos 13 artistas não sobem ao palco, a prova vai-se fazendo no Youtube, onde a estação pública disponibiliza 45 segundos de cada um dos temas a concurso. Se as visualizações destes excertos se traduzirem num vencedor - que representará Portugal na Eurovisão -, Diogo Piçarra já ganhou.
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A sua "Canção do fim", que o próprio compôs e interpreta, contava, até às 09 horas desta manhã, com 110 mil acessos, distanciando-se largamente dos vídeos dos restantes 12 artistas que hoje, às 21 horas, subirão ao palco da RTP para a segunda semifinal.
A vantagem de Piçarra, cantor que venceu o programa "Ídolos" de 2012, é esmagadora: o segundo vídeo mais visto é o de Cláudia Pascoal que, com "O jardim", soma apenas 50 mil visualizações. Em terceiro lugar nos mais vistos surgia o tema "All over again" que Sequin leva hoje ao palco e que contava 24 mil acessos.
Os internautas parecem gostar mesmo do tema criado por Diogo Piçarra, convidado enquanto compositor para o certame, tanto quanto o próprio, que escolheu interpretá-lo depois de o ter mostrado à RTP e à sua editora. "Disseram que a música era eu, que não ia dá-la a ninguém. Tiraram-me um peso de cima", conta Piçarra ao JN, revelando que tinha em mente vários cantores e não saberia quem escolher.
"Quero fazer parte disto tudo"
"Canção do fim" é, acima de tudo, "um prenúncio do fim da humanidade", explica. "Não é uma canção de amor. Pensei bem e não era altura de falar disso. Há muita coisa a acontecer e eu quis registar isso. É o nosso fim enquanto seres humanos. É sobre o que estamos a fazer de errado", prossegue. Uma "canção minimal", com a qual não vai "fugir muito" ao seu estilo.
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Piçarra admite que o Festival da Canção "já representa bem a música portuguesa" e diz querer "fazer parte disto", mas não pensa em ganhar e tornar-se no sucessor de Salvador Sobral no evento europeu que se realizará pela primeira vez em Portugal. O objetivo, garante, "é não fazer má figura". "Já estive por vários concursos de televisão e não me apetecia nada passar outra vez pelo julgamento. O Festival não tem a ver com quem canta bem e com quem não canta. Há aqui vozes muito melhores do que a minha, intérpretes e compositores melhores do que eu. O que eu quero é apresentar a minha identidade como compositor", remata.
José Cid e Fernando Tordo revoltados
Primeiro foi José Cid a manifestar o seu descontentamento após ter sido eliminado do Festival da Canção na primeira semifinal. "Sigo cantando... Esta é a minha resposta às injustiças que me fazem, às más línguas, às invejas, e aos que me querem distruir...", escreveu o intérprete de "O som da guitarra é a alma de um povo" nas redes sociais.
Já Fernando Tordo, que compôs o tema "Para te dar abrigo", cantado por Anabela, mostrou-se indignado com o alegado apoio da RTP a Janeiro. "Nada a fazer contra a desigualdade de meios promocionais. Ainda agora um dos concorrentes apurados para a final de Guimarães foi larga e explicitamente promovido e entrevistado no jornal da noite da própria RTP que organiza o Festival", sublinhou, referindo-se à entrevista dada pelo cantor escolhido por Salvador Sobral.
As músicas desta noite
Neste domingo competem os temas compostos por Aline Frazão (interpretado por Susana Travassos), Armando Teixeira (Lili), Bruno Cardoso "Xinobi" (Sequin), Capicua (Tamin), Daniela Onís (interpretado pela própria), Diogo Piçarra (interpretado pelo próprio), Francisco Rebelo (David Pessoa), Isaura (Cláudia Pascoal), João Afonso (Rita Ruivo), Miguel Ângelo (Dora Fidalgo), Paulo Flores (Minnie & Rhayra), Peter Serrado (interpretado pelo próprio) e Tito Paris (Maria Inês Paris).
Recorde-se que a 1.ª semifinal ficou marcada por um erro na "transcrição" dos votos do público. O tema interpretado por Beatriz Pessoa (composição de Mallu Magalhães) tinha sido classificado, mas depois foi atirado para fora da final, dando lugar ao de Jorge Palma (interpretação de Rui David). Houve, é claro, polémica e protestos. O presidente do júri é Júlio Isidro.
Temas já apurados para a final
"Só por ela" (interpretada por Peu Madureira e composta do Diogo Clemente); "Sem título" (interpretada e composta por Janeiro); "Para sorrir eu não preciso de nada" (Catarina Miranda/Júlio Resende); "P'ra te dar abrigo" (Anabela/Fernando Tordo); "Anda estragar-me os planos" (Joana Barra Vaz/Francisca Cortesão); "Zero a zero" (Joana Espadinha/Benjamim) e "Sem Medo" (Rui David/Jorge Palma).