O Brasil voltou a liderar, pela terceira vez, o ranking da organização não governamental ActionAid dos países que mais combatem a fome.
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Segundo a Agência Brasil, o estudo, hoje divulgado pela ONG, colocou o Brasil no topo do ranking devido ao anúncio do aumento nos investimentos para a agricultura familiar.
Malauí, Ruanda, Etiópia e Tanzânia completam, respectivamente, as cinco primeiras posições.
A iniciativa mais recente do Brasil no combate à insegurança alimentar, segundo a ActionAid, foi o anúncio de 16 mil milhões de reais (6,6 mil milhões de euros) para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012.
Este plano vai proporcionar investimentos na produção de alimentos, criação de rendimento no campo e a organização económica de agriculturas familiares, pessoas beneficiadas pela reforma agrária e as comunidades tradicionais.
O estudo da ActionAid aponta resultados do Programa Fome Zero, que levou à redução da desnutrição infantil em 73 por cento, entre 2002 e 2008, e elogia a inclusão do direito à alimentação na Constituição Federal brasileira, em Fevereiro de 2010.
Apesar dos bons resultados, a ActionAid considera que o Brasil precisa avançar na distribuição de terras, uma das mais desiguais do mundo.
De acordo com o relatório, 56% da terra arável estão nas mãos de 3,5% dos proprietários rurais. Os 40% mais pobres têm apenas um por cento dessas terras.
Para o coordenador executivo da ActionAid Brasil, Adriano Campolina, a experiência brasileira em iniciativas de transferência de rendimento e políticas de protecção social e segurança alimentar, como os programas de merenda escolar e de construção de reservatórios de água em regiões semi-áridas, pode ser partilhada com outros países.
Na avaliação global, o levantamento da ONG aponta que, apesar de recentes avanços no combate à fome e à insegurança alimentar, o mundo está prestes a enfrentar um agravamento da crise de oferta de alimentos.
Entre as causas dessa crise, estão os efeitos das mudanças climáticas e a perspectiva de aumento de preço dos alimentos, que deverá levar mais 44 milhões de pessoas à pobreza.
De acordo com a ActionAid, a procura de terras para a produção de biocombustíveis deve continuar a elevar o preço dos alimentos.
Para Campolina, a crise económica também deve reduzir os esforços internacionais de combate à fome.
A ONG sugere que o G-20 inclua a crise alimentar na sua próxima reunião, em Novembro, em França, e que se comprometa, por exemplo, a garantir investimentos às pequenas propriedades dos países pobres e a diminuir a especulação de terras para a produção de biocombustíveis.