A China reduziu em 25% os seus investimentos directos no Brasil entre Janeiro e Setembro deste ano, segundo dados do Banco Central brasileiro, devido em parte ao proteccionismo do mercado brasileiro.
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Segundo o site de notícias G1, a China fez investimentos directos no Brasil no valor de 333 milhões de dólares (241,6 milhões de euros) entre Janeiro e Setembro de 2011, um montante inferior em 25 por cento ao registado no mesmo período de 2010, quando investiu 444 milhões de dólares (322,2 milhões de euros) no país.
Entre os motivos apontados por especialistas para a diminuição do volume investido pela China este ano estão as medidas proteccionistas que estão a ser adoptadas pelo Governo brasileiro, como as taxas sobre a importação de calçados chineses e sobre os automóveis, para proteger a indústria local.
O agravamento da crise europeia, que faz o investidor avaliar os seus planos de negócios, também é um dos motivos apontados.
O professor de Direito e Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Marcus Vínícius de Freitas também disse acreditar que existe uma certa resistência do Brasil quanto aos investimentos chineses.
"A adopção de restrições à compra de terras, por exemplo, pode ter servido como um factor de diminuição do interesse chinês em expandir os seus investimentos no Brasil", indicou Freitas.
A política de desvalorização cambial que estava a ser adoptada pela China deu lugar a uma recente valorização do yuan face ao dólar, contribuindo também para a distribuição dos investimentos chineses, segundo o professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, Rodrigo Zeidan.
"Houve realmente diminuição (dos investimentos). O Brasil tem a sensação de que alguns sectores estão a ser invadidos pelos chineses e impõe barreiras (o aumento do imposto para carros importados foi a medida mais recente)", disse Tang Wei, diretor-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Económico (CBCDE).
"Diante disso, nenhum investidor se sente seguro e confiante em trazer tanto dinheiro para um terreno hostil. Por isso, em alguns casos, acaba avaliando para onde e no que vai investir. Entretanto, posso dizer que a China continua a apostar e a ver o Brasil como uma grande oportunidade", referiu ainda Tang Wei.
Em 2011, os chineses investiram nos sectores de máquinas, de automóveis, petróleo e, em menor intensidade, da mineração, de acordo com Tang Wei.
Ainda este ano, os chineses anunciaram que duas fábricas de automóveis - Chery e Jac - e uma indústria de tablets, a Foxconn, serão instaladas no Brasil.
Segundo Maurício Santoro, professor de Relações Exteriores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é de interesse do Governo brasileiro contar com investimentos no sector produtivo, nas áreas de tecnologia e de automóveis.
"Há a preocupação do Governo Dilma Rousseff de que os investimentos da China deem um salto de qualidade, não só de quantidade."
A China hoje é o maior parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as trocas com os chineses chegaram a 56 mil milhões de dólares (40,6 mil milhões de euros) em 2010.