A poucas horas do início da ocupação da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, a expectativa é grande entre os moradores, que torcem por uma operação policial sem violência.
Corpo do artigo
"Por enquanto o clima aqui está calmo. Está tudo dentro da normalidade, ou pelo menos de uma 'aparente' normalidade", declarou à Lusa Ocimar Santos, presidente da organização não-governamental "Rocinha.org".
Santos reforça que este ambiente tranquilo - a poucas horas da chegada dos polícias - já pode ser interpretado como um bom sinal, uma vez que a comunidade tem a experiência de ver "por muito menos" acontecer "coisa pior".
A operação policial que pretende recuperar o território das favelas da Rocinha e do Vidigal deverá começar na madrugada deste domingo, segundo adiantou na sexta-feira o secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame.
A partir da meia-noite (2 horas de domingo em Portugal continental) o espaço aéreo sobre as duas comunidades ficará fechado e a partir das 2.30 horas locais todos os acessos ao morro serão bloqueados.
"Quem pode vai estar muito longe daqui quando isso estiver acontecendo. Muita gente já saiu e foi para casa de parentes. Todo mundo tem que se precaver, porque um tiro de fuzil atravessa facilmente uma parede de tijolo", sublinhou Ocimar Santos.
A "Operação Choque de PAZ", como foi chamada, será uma acção conjunta dos Batalhões Especiais da Polícia Militar, com o apoio de unidades da Polícia Civil e Polícia Federal, além de 19 oficiais e 175 fuzileiros navais da Marinha, cedidos pelo governo Federal.
Serão utilizados ainda 18 tanques blindados da Marinha e um número não divulgado de helicópteros e viaturas da polícia.
Agentes de trânsito apoiarão a acção, tentando evitar congestionamentos próximos do local durante o período de bloqueio.
O Corpo de Bombeiros montará um hospital de campanha no estádio da Escola de Samba Académicos da Rocinha. Três ambulâncias ficarão de prontidão à frente da tenda para prestar socorro imediato.
O Hospital Miguel Couto recebeu reforço de profissionais que estarão a trabalhar durante todo o fim de semana e funcionará como a principal unidade para atendimento de eventuais feridos. Equipes extras estarão de piquetes também em outros hospitais.
A operação foi precedida por diversas ações de inteligência desde o início de Novembro.
A intenção era identificar de antemão potenciais pontos de esconderijo e rotas de fuga dos traficantes, assim como debilitar o poderio defensivo e económico da fação criminosa que controla a região.
Na madrugada de quinta-feira, o chefe do tráfico da favela, António Bonfim Lopes, conhecido como "Nem" foi preso ao tentar fugir na bagageira de um carro.