O ministro brasileiro do Desporto, Orlando Silva, antecipou o seu regresso ao Brasil para dar explicações ao Congresso Nacional sobre as acusações de ter recebido 'luvas' de ONGs.
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O ministro acompanhava a delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, mas voltou para participar numa reunião com a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, durante a reunião, o ministro negou o seu envolvimento nos escândalos e disse que não medirá esforços para provar a sua inocência.
Em entrevista à edição desta semana da revista Veja, o polícia militar João Dias Ferreira acusou o ministro de chefiar um esquema para desviar dinheiro do programa Segundo Tempo, que financia ONGs que incentivam jovens a praticar desportos.
Segundo a acusação, ONGs pagavam 'luvas' em troca de receitas. Segundo o relato, Orlando Silva teria recebido dinheiro do esquema na garagem do próprio ministério.
Dias Ferreira, que foi detido em 2010 por participação no desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo, foi militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B), no qual Orlando Silva é filiado.
No domingo, Dias Ferreira disse em seu blogue que apresentará às autoridades provas do esquema de corrupção.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Orlando Silva deverá apresentar-se ainda nesta semana no Congresso Nacional para prestar esclarecimentos.
Em entrevistas no domingo, o ministro voltou a recusar todas as acusações e desafiou Dias Ferreira a apresentar documentos que o incriminem. "Esse farsante não tem e não terá nenhuma prova, porque está mentindo", declarou Orlando Silva.
O Ministério do Desporto ganhou mais importância nos últimos meses devido à organização do Mundial 2014 de futebol e dos Jogos Olímpicos de 2016. "Sei que tem um jogo político e que o ministério onde atuo aumentou a cobiça", disse também o titular da pasta.
O secretário nacional do Desporto de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, veio a público defender o ministro e questionou a acusação de que Orlando Silva teria recebido dinheiro na garagem do ministério, considerando que esta versão não é "plausível", pois o ministro teria sido visto caso isso tivesse ocorrido.
Orlando Silva já era apontado como um dos governantes que poderia ser substituído na reforma ministerial que a Presidente brasileira Dilma Rousseff pretende fazer em janeiro de 2012. A saída poderá ser antecipada caso o ministro não consiga explicar-se ou se surgirem novas denúncias contra ele.
Para parlamentares, o futuro de Orlando Silva no governo depende das suas explicações. "Temos que aguardar a audiência [no Congresso Nacional], mas ele fez bem em se oferecer para ir à Câmara, mostra que está disposto a esclarecer", disse o líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Henrique Eduardo Alves.