A investigação médica e farmacêutica tem sido historicamente orientada para o estudo de doenças no sexo masculino. Melinda Gates quer contrariar essa disparidade de género e anunciou que vai investir 50 milhões de dólares para a ciência no feminino
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Excluindo o cancro, apenas 1% do financiamento dotado para a investigação farmacêutica foi vocacionado para o estudo da saúde da mulher, em 2024. É com base nestes e noutros dados que têm apontado para uma sistemática disparidade de género na investigação científica que a norte-americana Melinda Gates decidiu e anunciou que vai investir 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros) num fundo de saúde que quer apostar nesta área científica. Os horizontes são de três a cinco anos, sendo que esta plataforma irá selecionar dois projetos principais até ao final de 2026.
"Temos subfinanciado cronicamente estas áreas [investigação sobre saúde da mulher]", afirmou Melinda Gates em entrevista à agência noticiosa Reuters e na qual revelou querer participar na inversão da tendência e apostar na investigação científica direcionada para a saúde feminina, em particular em matérias de doenças cardiovasculares, autoimunes e de saúde mental. A filantropa irá integrar o grupo Pivotal, que se junta à organização sem fins lucrativos Wellcome Leap e para uma global avaliada em 100 milhões de dólares (86 milhões de euros).
"Durante demasiado tempo, foi dito às mulheres que suportassem o que deveria ser tratável, que aceitassem as condições como "mistérios" em vez de problemas que valiam a pena resolver", vincou a diretor-executiva da Wellcome Leap, Regina Dugan. A entidade, segundo a agência Reuters, já investiu 150 milhões de dólares em projetos de saúde feminina desde a fundação em 2020. Importa vincar que as mulheres só passaram a ser incluídas em ensaios clínicos nos Estados Unidos da América, em 1993, na sequência de legislação.