A 16.ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros) do Rio de Janeiro reúne este domingo milhares de pessoas na orla da praia de Copacabana que pedem o fim da discriminação e a criminalização da homofobia.
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"Muitas pessoas criticam dizendo que a parada virou carnaval, pelo fato de alguns virem fantasiados. Mas é uma maneira de darmos visibilidade ao movimento. Se não fosse assim, não haveria essa divulgação pelo mundo inteiro", afirmou à Lusa o travesti Silvino Pereira, coordenador de projetos sociais.
Vestido com uma fantasia que ele próprio baptizou como "Arco-íris da Paz", Silvino lembrou que a parada deste ano tem como lema "Somos todos iguais perante a paz - Toda forma de violência deve ser crime" e pretende chamar a atenção da sociedade para a necessidade de se criminalizar os actos de homofobia.
"Tudo é muito devagar [as mudanças]. Mas é bom ver as coisas caminhando, mesmo aos poucos. Já tivemos conquistas importantes como o direito a frequentar motéis e demonstrar carinho em locais públicos como bares, por exemplo", lembra Silvino, que trabalha como coordenador de projetos sociais.
O casal de alemães Carsten e Jean Claude vieram de Habsburgo especialmente para participar na parada. Também fantasiados, observaram que o movimento brasileiro é mais "politizado" do que o da Europa, mas opinaram que isso não é problema.
"Aqui estou sentindo que o movimento é mais politico, segue uma orientação mais directa, de como deve ser, que trajeto percorrer. Mas isso não é um problema, só é um pouco diferente do que estamos acostumados na Parada da Europa", comentou.
Sobre o primeiro dos 15 carros de som que ajudaram a animar o evento, com musica electrónica e balões de ar nas cores do arco-íris, políticos como o primeiro deputado a assumir-se publicamente homossexual, Jean Wyllys, e representantes da Secretaria dos Direitos Humanos do governo federal, falaram ao público antes do início da caminhada.
Mais adiante, um grupo de jovens homossexuais cristãos carregava cartazes a defender o direito de ser gay e frequentar a igreja "sem máscaras".
"Eu tenho o direito de ser gay e ser cristão", e ainda "Sou gay e pela graça de Deus sou o que sou", pregavam em grandes faixas.
Além das pessoas diretamente envolvidas na causa, centenas de simpatizantes aderiram ao desfile com faixas e bandeiras de arco-íris. "É a segunda vez que venho e venho porque gosto do ambiente, dá para ver todo mundo feliz. Não sou gay, mas não tenho preconceito contra nada", disse o estudante Bryan Pinheiro, de 19 anos.
A expectativa é de que a parada, que ainda percorrerá toda a avenida da praia, em Copacabana, reúna cerca de 1,5 milhão de pessoas.
Paralelamente ao evento ocorrem campanhas para consciencialização com a distribuição de 500 mil preservativos grátis e folhetos explicativos sobre doenças sexualmente transmissíveis.