Festival realiza-se de 19 de abril a 1 de maio com espetáculos em 13 locais de Porto, Matosinhos e Gaia. Programação foi apresentada esta sexta-feira
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Depois de dois anos de intermitência, o Festival Dias da Dança (DDD) regressa para a sexta edição, nas cidades da Frente Atlântica (Porto, Gaia e Matosinhos), entre 19 de abril e 1 de maio. Serão "25 espetáculos: oito internacionais, oito de criadores do Porto e nove de outros pontos do país", resumiu Catarina Araújo, diretora da Ágora, ontem, na conferência de apresentação do festival.
Os locais de apresentação ganharam um parceiro, a Associação Rampa, que vem juntar-se ao Rivoli, Campo Alegre, Teatro Nacional São João, Teatro Carlos Alberto, Museu de Serralves, Coliseu, Palácio do Bolhão, Teatro Constantino Nery e Auditório Municipal de Gaia.
O Campus Paulo Cunha e Silva, inaugurado em junho, será um dos pontos nevrálgicos da mediação e da dinâmica artística do festival, que terá uma forte componente formativa.
"Este ano, o festival será mais pequeno. É uma escolha pensada que se prende com o tempo, todos os espetáculos, com exceção da peça de abertura, terão duas récitas. Além do enfoque no lado formativo, outro foco estará, à semelhança do que aconteceu em 2019, nos artistas brasileiros", anunciou Tiago Guedes, diretor artístico do festival. Neste sentido, há uma parceria com o segmento do festival Panorama Raft, no Rio de Janeiro, cujos espetáculos serão emitidos no site do DDD.
Nas novidades da sexta edição encontra-se também o DDD Links, quatro cidades (Viana do Castelo, Mértola, Coimbra e Leiria) que vão receber um espetáculo. "É um ganho para os públicos e para as companhias, que ficam com uma mini tournée", diz Guedes.
Temporada Portugal-França
No âmbito da Temporada Portugal-França, uma autoestrada cultural entre os dois países que se prolonga até outubro, serão apresentados três nomes de relevo internacional. A comitiva francesa chega ao DDD com "Soulèvement" de Tatiana Julien, no Palácio do Bolhão (22 abril). A peça repete no dia seguinte. Tiago Guedes descreve-a como algo entre "o desfile de moda, o concerto e o combate de boxe".
Segue-se "Miramar" de Christian Rizzo, familiar diretor do Centre Chorégraphique National de Montpellier - Occitanie. O espetáculo em que doze bailarinos contemplam com o público a linha do horizonte está agendado para 24 e 25 de abril, no Rivoli.
Esta proposta será uma das que introduz no DDD a audiodescrição para público invisual, acessibilidade em que a organização tem trabalhado. A encerrar o capítulo francês, "Somnole" de Boriz Charmatz, "é uma das últimas criações, antes de ter assumido a direção do mítico Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch", disse Tiago Guedes. Conhecido pelas coreografias corais, chega ao DDD a solo.
Prata da casa
Sinal inequívoco de que o DDD quer afirmar-se no plano internacional, nacional e local, o festival abre no dia 19, no Rivoli, com "Pantera", a nova criação de Clara Andermatt e João Lucas, sobre o músico cabo-verdiano Orlando Barreto.
Coreógrafos que o DDD tem vindo a acompanhar: Piny, Catarina Campos e Melissa Sousa, Né Barros, Joana Castro, André André Barros e Cláudia Figueiredo. Todos regressam com novos trabalhos.
Na componente teatral, Martim Pedroso junta-se a Marylin Ortiz, do corpo de baile de artistas como Madonna e Britney Spears, e conta a sua história em "5,6,7,8 and One", no Constantino Nery, em Matosinhos. Novidade também é a programação musical, com o "Samba de Guerrilha", do brasileiro Luca Argel, espetáculo com a participação de Nádia Yracema e António Jorge Gonçalves, no Coliseu.
Campus Paulo Cunha e Silva será centro nevrálgico da mediação artística
A oferta formativa no DDD aumentou. "Vai ao encontro da procura formativa, reflexiva e crítica que a comunidade coreográfica local reivindica, com os artistas a partilharem conhecimento e experiências com alunos e outros profissionais", explicou Cristina Planas Leitão, co-programadora do festival.
No Campus decorrerão vários workshops, aulas diárias e um ciclo de conversas intitulado "Festivais para quê̂? Conversas sobre (os) futuros (dos) festivais", para acompanhar presencialmente ou online.
Apesar de a maioria das formações ser dedicada a profissionais das artes performativas, com nomes como Christian Rizzo, Matija Ferlin ou Daniela Cruz, há também aulas diárias abertas de ioga e de movimento acessíveis a toda a comunidade, às oito horas da manhã.
Será também no Campus que os DDD guests - quatro jovens artistas de Cabo Verde (Djam Neguin), Brasil (Gaya de Medeiros e Iara Izidoro) e Portugal (Ana Isabel Castro) - vão participar nas formações e dispor de acompanhamento crítico, com ensaios abertos ao público.
Além do tradicional segmento DDD OUT, com vários espetáculos no espaço público com curadoria do Balleteatro, este ano há um importante momento de participação pública, "The Deities Ball" , um campeonato de voguing aberto a todos os participantes. Para ajudar quem queira participar ou tenha alguma curiosidade por esta cultura, há formações antes e depois do concurso. Existirão também as tradicionais festas no Teatro Rivoli.