Arturo Pérez-Reverte lança em Portugal o romance passado na revolução mexicana.
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Há gerações espanholas que ficaram para sempre gravadas na literatura internacional como a Geração de 27. Numa leva mais contemporânea, há uma geração de jornalistas espanhóis, todos nascidos na década de 1950, que também têm dado obras assombrosas. Nesta premissa sobressaem dois nomes Rosa Montero e Arturo Pérez-Reverte.
Este último publica em setembro, em Portugal, a sua obra mais recente :“Revolução”. O livro de Arturo Pérez-Reverte é uma imersão fascinante na Revolução Mexicana, um cenário onde a história ganha vida através da escrita precisa e vibrante do autor. Pérez-Reverte apresenta-nos Martín Garret Ortiz, um jovem engenheiro espanhol que se vê arrastado pelos acontecimentos da revolução de forma quase involuntária. Em entrevista explicou que esta era uma homenagem aos seus bisavós.
Através dos olhos de Garret, o leitor é transportado para o calor e o caos do México do início do século XX, onde a moralidade é constantemente desafiada pelo conflito.
O autor é exímio na criação de uma atmosfera que mistura tensão e realismo, com descrições detalhadas e diálogos cheios de intensidade. A transformação pessoal de Garret ao longo da narrativa é um dos aspetos mais fortes do livro, permitindo-nos sentir as ambiguidades da revolução, onde o heroísmo e a traição andam de mãos dadas.
No entanto, em alguns momentos, o excesso de detalhes históricos pode tornar a leitura mais densa e menos fluida, o que pode não agradar a todos. Mesmo assim, é inegável o poder do romance ao fazer-nos questionar o papel do indivíduo num cenário de guerra e mudança.
“Revolução” é uma obra que se destaca pela sua profundidade e pela capacidade de Arturo Pérez-Reverte em fazer com que a história e a ação se entrelacem numa narrativa intensa e reflexiva. Com personagens complexos e um enredo bem construído, o livro convida-nos a explorar o lado humano dos grandes eventos históricos, mostrando-nos que, mesmo em tempos de revolução, a vida continua a ser uma batalha entre o certo e o errado, o poder e a justiça.