Até as tainhas do Rio Douro devem ter vibrado com o concerto dos Gogol Bordello, a banda que fechou o palco principal do primeiro dia do North Music, festival que se realiza este fim de semana na Alfândega do Porto.
Corpo do artigo
Devem também ter-se perguntado como é que se dança isto, esta mistura rocambolesca de folclore eslavo, música cigana e punk rock. Provavelmente fizeram como o público que preencheu a plateia: abandonaram-se à festa com movimento frenéticos e desordenados, poupando-se talvez aos banhos de cerveja e às cotoveladas.
A banda multicultural, que integra elementos da Rússia, Equador, Etiópia ou Israel, e que foi fundada em Nova Iorque, em 1999, parece saída de um filme de Emir Kusturica, apresentando uma coleção de personagens burlescos e imprevisíveis. O vocalista, Eugene Hütz, natural da Ucrânia, entrou em palco de casaco de couro polvilhado de pinturas e crachás, ramos de flores atados às calças e um nariz cubista enquadrado pela farta cabeleira. O violinista tinha ar de guerrilheiro albanês e os restantes músicos disputaram entre si a atenção do público com malabarismos e trejeitos vários.
A banda passou por vários temas do seu último álbum, "Seekers & Finders", lançado o ano passado, mas não deixou de oferecer ao público os seus hits mais conhecidos: "Wonderlust king" ou "Start wearing purple". Foram quase duas horas de embriaguez sonora e deboche coletivo.
O "fucking birthday" dos Guano Apes
Um pouco antes, tinham atuado os Guano Apes, alemães tributários do nu metal e do rap rock, que realizaram um concerto em crescendo. Antes da vocalista Sandra Nasic confessar que era o seu "fucking birthday", chegaram a dedicar um tema à equipa do JN, que se encontrava num stand sobranceiro ao palco. O pico do espetáculo chegou no encore, com a versão musculada de "Big in japan", dos Alphaville, e com "Lords of the boards", do álbum de estreia da banda, "Proud like a god".