Sentada numa das laterais do palco do Theatro Circo, quase sem luzes, como se não quisesse atenções, Eiko Ishibashi ajudou a dar cor, emoção e vida aos planos longos e intensos, muitas vezes fixos, com que Ryûsuke Hamaguchi criou o filme-concerto “Gift”, apresentado no festival Semibreve, em Braga.
Corpo do artigo
O trabalho foi construído a partir da última longa-metragem de Hamaguchi, “Evil Does not Exist”, que ganhou o Grande Prémio do Júri em Veneza, o que permitiu dar ainda mais lustro ao realizador japonês, que no ano passado viu “Drive My Car” conquistar o Oscar de Melhor Filme Internacional – com Ishibashi na banda sonora.
A história deste filme mudo mostra como a pacatez de um pequeno lugar nipónico no meio da floresta, coberto de neve e rodeado de verde, pode rapidamente ser arruinada – de forma fatal e violenta – por interesses privados que pretendem transformar a natureza em favor de desejos humanos.
Na sexta-feira à noite, em Braga, ao vivo e de forma crua, Eiko Ishibashi deu sentido a cada imagem que passou na tela, ajudando o público a interagir com a narrativa, a perceber as reviravoltas impostas por Hamaguchi, a deixar-se envolver pela trama que começa lenta e acaba de forma inesperada.
O cruzamento entre a linguagem cinematográfica e o cinema, que é uma das bases em que assenta a edição deste ano do Semibreve, continua em evidência no festival bracarense, este sábado, no espetáculo dos japoneses Tujiko Noriko e Joji Koyama (21.30 horas) e, no domingo, com os franceses Kassel Jaeger e Eléonore Huisse (17 horas), ambos no Theatro Circo.
O espetáculo dos Emeralds (22.50 horas, Theatro Circo) é outros dos destaques desta noite de sábado. No gnration, há Loraine James (00.15 horas), Nkisi (01.15 horas) e DJ Lynce (02.30 horas).