Na semana passada, abordámos a importância de conhecer a forma como os verbos se constroem, tendo em conta a sua sintaxe de regência, ou seja, a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo - termo regente - e o seu complemento - termo regido - com a presença ou não de preposição.
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Vejamos, por exemplo, o verbo chamar. Poderá ser um verbo transitivo direto, se for sinónimo de "dizer em voz alta o nome para fazer ir ao seu encontro": A professora chamou-o ao quadro. Se significar "dar nome, qualificar" ou "avaliar" é transitivo indireto: Os amigos chamavam-lhe Sabichão; o senhorio chamou-lhe aldrabão. Contudo, exige a preposição "a" se significar "fazer comparecer" - (Foi chamado à Polícia); ou a preposição "por" se for sinónimo de "invocar" - (Muitas vezes, chamei pela Virgem Maria!)
O verbo "congratular-se" pode construir-se com a preposição "com" ou a preposição "por", tendo o significado de "felicitar" ou "alegrar-se": Congratulei-me com o teu sucesso. Congratulo-me pelo facto de teres tido boas notas.
Quanto ao verbo "dispor", se aparecer com o sentido de "colocar em determinada ordem" - (Ela dispôs os arranjos de flores pela igreja) - é transitivo direto, exigindo o complemento direto (os arranjos de flores). Se significar "decidir-se" - (Quando se dispôs a estudar, já era tarde) - é regido pela preposição "a" (dispor-se a); caso signifique "possuir" - (Dispõe de muito dinheiro) - recorre à preposição "de".
O verbo esquecer/esquecer-se é sinónimo de "não se lembrar", mas pode ser transitivo direto, exigindo o complemento direto sem preposição - (Esqueceu a ajuda que lhe dei - ou pode exigir a preposição "de" quando é pronominal: Esqueci-me dos livros em casa. Esqueceu-se de que tinha trabalhos de casa.
* Professora de Português e formadora do acordo ortográfico
jn.acordoortografico@gmail.com