"Eu já me sinto portuguesa", disse Ivete Sangalo a dada altura durante o espetáculo deste sábado à noite no North Festival. E, pelo menos durante a hora e meia de atuação, Portugal também se sentiu Ivete. O "show" da brasileira teve direito a samba, energia e até a visita de pessoas especiais.
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Foi logo no início do concerto que a aniversariante (Ivete Sangalo festejou 51 anos de idade durante o dia de ontem) puxou do grande tema "Poeira" para animar a multidão presente na margem do Douro. E a energia nunca mais abrandou.
Revisitou velhas melodias e também apontou para temas mais recentes. Independentemente do repertório, a recetividade do público foi crescendo e crescendo, à medida que o alinhamento avançava. O recinto exterior da Alfândega do Porto esteve pintada de um mar de gente que não baixou os braços, nem deixou o pé no chão.
Uma das filhas de Ivete Sangalo foi presença constante durante o espetáculo, entrando e saindo em palco. E até dando a sua voz ao momento: "levantou poeira", ouviu-se a pequena a cantar, com uma alegria contagiante, enquanto enfrentava uma plateia de milhares.
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Gustavo Mioto e Ana Castela pensaram os seus concertos ao pormenor. A nota em comum centrou-se no casaco de ganga, vestido por ambos os artistas. Um grande urso centrava as costas. Por cima, o nome deles. No braço, assentavam duas bandeiras, lado a lado, como que mostrando a conexão que se viveu na noite de ontem: meia bandeira brasileira, meia bandeira portuguesa.
O primeiro concerto foi o da cantora "feita" nas redes sociais. Ana Castela começou a cantar pouco depois das 20 horas e nunca mais parou no mesmo sítio. A artista deu um concerto enérgico e participativo, com diversas pausas entre músicas para interagir com o público - que delirava com as incursões de Castela.
Dois países. Uma alma
O mesmo modus operandi seguiu o parceiro Gustavo Mioto, que também não dispensou a ligação com o público. Entre os espetadores, a linguagem dividia-se: ora se ouvia sotaque do Brasil, ora de Portugal. Depois de apresentar vários dos seus êxitos, Mioto aproveitou também para fazer o público dançar ao som de faixas de alguns colegas seus conterrâneos, terminando com uma série de curtos momentos musicais famosos oriundos do Brasil.
Ainda faltava mais de uma hora para o primeiro artista subir a palco no segundo dia da quinta edição de North Festival, mas à entrada da Alfândega do Porto já se iam acumulando festivaleiros. Foi este sábado que as filas se fizeram sentir pela primeira vez. E não se pense que os espetadores vieram "ao engano". Aqui, quase todos sabiam bem o que iam ver na noite de ontem. E, principalmente, o que queriam ver.
De entre uma multidão que pintou a margem do rio Douro, destacaram-se os chapéus, as botas de cowboy, os brilhantes e os lenços coloridos. Tudo aprumado a rigor para a noite dedicada aos sons do Brasil.
O arranque, esse, esteve a cargo do português Nininho Vaz Maia, que trouxe à cidade Invicta a sua mescla entre flamenco e música tradicional cigana. Eram 19 horas e o concerto do artista que ganhou fama em 2019 teve início. A plateia estava bem composta. E durante todo o concerto foram comuns as palmas, os gritos e as vocalizações que davam continuidade às incitações que Nininho fazia. Depois de ter ficado viral nas redes sociais, lançou o primeiro álbum em 2021. A emoção esteve sempre presente em palco, com uma saída de cena pautada pela comoção.