"A Sibila" no cinema e na TV para comemorar centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís
Longa-metragem do realizador Eduardo Brito, com produção de Paulo Branco, começou a ser rodada em Caminha. Dará lugar a uma minissérie na RTP
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As palavras de Agustina Bessa-Luís em "A Sibila" vão transformar-se em imagens e saltar para o grande e pequeno ecrãs. A adaptação do livro ao cinema, e que posteriormente dará origem a uma minissérie na RTP, começou esta semana a ser rodada em Caminha. Trata-se de uma longa-metragem com realização de Eduardo Brito e produção de Paulo Branco que se estreará em outubro, mês de comemoração do centenário do nascimento da escritora.
"O grande desafio e a beleza disto tudo é traduzir para imagens um romance de grande interioridade. Um texto muito profundo e com pouca ação", afirmou o realizador esta sexta-feira no evento de apresentação do projeto no Palacete Villa Idalina, em Seixas, Caminha, onde decorrem até este sábado as primeiras filmagens.
"Quando temos uma escritora como a Agustina, que é capaz de nos escutar no profundo da nossa alma e que, leitura minha, faz um exercício de transformar em palavras coisas que sentimos mas não conseguimos descrever, passar daí para a transformação em imagens é um desafio muito bonito. Uma responsabilidade que nem se fala, mas também um pequeno passe de magia", comentou Eduardo Brito.
A ação decorrerá entre Caminha, Marco de Canaveses, Baião e Amarante.
Maria João Pinho veste a pele de Quina (Joaquina Augusta), figura central do filme. "É uma personagem que tem um arco de vida, que começa na juventude, vai até à velhice e acaba por morrer. É uma mulher muito forte, com um caráter muito vincado, dominador e de uma astúcia muito requintada. E com um sentido de sobrevivência e uma inteligência normalmente associada aos homens", descreve a atriz, acrescentando que Joaquina Augusta "tem uma capacidade divinatória, daí o nome sibila, que é ser perspicaz e rápida na perceção do ser humano". Interpretar este papel constitui para a protagonista "um desafio muito grande".
O filme marca o regresso do produtor Paulo Branco ao universo de Agustina. Com Manoel de Oliveira, produziu a adaptação de sete livros da autora. Levar "A Sibila", "um romance de mulheres", ao cinema, é o próximo desafio. "Vamos tentar sobretudo não trair o universo que Agustina transmite, não sendo logicamente uma adaptação literal, porque isso é impossível, mas dando aquilo que ela queria transmitir com as personagens fortíssimas daquelas mulheres, a Germa e a Quina", afirmou. "As personagens têm uma tal força interior, aquelas mulheres nos anos 1950 e 60, eram de uma fortaleza que assustava todos à volta delas."
O arranque das filmagens de "A Sibila" contou com o apoio da Câmara Municipal de Caminha, cujo autarca Miguel Alves, presente na apresentação, disse: "Tentamos ao longo deste tempo apoiar a Cultura e com este filme apoiamos o cinema e a literatura, através da homenagem à Agustina, além da fotografia".