“Grand Tour”, “A Flor do Buriti”, “O Teu Rosto Será o Último” e “Revolução (sem) Sangue” concorrem a melhor filme português do ano. Produtor Paulo Branco recebe prémio de carreira. Cerimónia é no dia 27 de abril.
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O cinema português também tem a sua Academia e os seus prémios anuais. Nas nomeações para a sua 14ª edição, sem surpresas, “Grand Tour”, de Miguel Gomes, é o filme com mais candidaturas a prémio, onze, seguido de perto, com dez, por “Revolução (sem) Sangue”, de Rui Pedro Nunes, e “O Pior Homem de Londres”, de Rodrigo Areias.
Os dois primeiros encontram-se ainda na lista restrita de candidatos ao prémio de melhor filme português do ano passado.
“Grand Tour”, o périplo asiático encetado no início do século XX por uma noiva despeitada, em busca do homem que a abandonara nas vésperas do casamento, vencera em Cannes o Prémio de Realização e fora já o candidato escolhido pela Academia para representar Portugal nos candidatos ao Óscar de melhor filme estrangeiro, embora não tenha chegado às nomeações.
Quanto a “Revolução (sem) Sangue”, produção independente estreada perto do cinquentenário do 25 de Abril de 1974, reconstitui os acontecimentos desse dia, recordando aqueles que perderam a vida, na que foi apesar de tudo, uma das mais pacíficas mudanças de regime na história europeia e mundial.
Também nomeado para o prémio mais importante está a segunda incursão de João Salaviza e Renée Nader Messora pelos índios Krahô que vivem nas florestas do Brasil, cuja história é contada, de forma poética, no sublime “A Flor do Buriti”.
A lista de quatro títulos a concorrer para o prémio maior é completada por “O Teu Rosto Será o Último”, o mais recente trabalho do veterano Luís Filipe Rocha, adaptando aqui o romance de João Ricardo Pedro, retrato de um jovem marcado pelo talento para a música, tendo como pano de fundo vários momentos da vida social e política portuguesa, da ditadura e da guerra colonial à Revolução de Abril.
Atores e atrizes em alta
As categorias de interpretação principal estão dominadas, no caso das atrizes, por Anabela Moreira (A Semente do Mal), Crista Alfaiate (Grand Tour), Rita Cabaço (O Vento Assobiando nas Gruas) e Sandra Faleiro (Estamos no Ar), e nos atores por Albano Jerónimo (O Pior Homem de Londres), Gonçalo Waddington (Grand Tour), João Pedro Vaz (Os Papéis do Inglês) e Rafael Morais (Um Café e um Par de Sapatos Novos).
Na lista de nomeações merecem ainda destaque as sete categorias a que concorre o drama histórico “Ubu”, de Paulo Abreu, as seis de “A Flor do Buriti” e as cinco do filme de terror de Gabriel Abrantes, “A Semente do Mal”. Mostrando a dinâmica de um cinema português que se encontra agora praticamente sempre nas salas, há nada menos que 16 títulos nomeados, e considerando apenas as longas-metragens de ficção.
Paulo Branco premiado
Aberta também à categoria de Melhor Série/Telefilme, a Academia nomeou neste capítulo quatro séries da RTP, “Irreversível”, de Bruno Gascon, “Matilha”, de João Maia, “O Americano”, de Ivo M. Ferreira, e “Sempre”, de Manuel Pureza.
Na cerimónia desta sexta-feira, que arrancou com a entrega do Prémio Bárbara Virgínia à realizadora Monique Rutler, foi ainda anunciado o prémio para o melhor filme europeu do ano, que recaiu em “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer.
Os vencedores dos Prémios Sophia serão conhecidos numa cerimónia que terá lugar no próximo dia 27 de abril, no Casino Estoril, com emissão em direto na RTP2.
Decorrendo sob o tema "Cinema é Paixão", o lendário produtor Paulo Branco será o homenageado do ano com o Prémio Sophia de Carreira.