Os outros atrativos são imensos, as possibilidades para usar o tempo de lazer são cada vez maiores, mas, ainda assim, as bibliotecas vão resistindo.
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Os dados de 2017, os últimos a serem compilados pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), dizem que o total de utilizadores ativos das 303 bibliotecas nacionais é superior a 1,5 milhões, "resultados muito agradáveis", segundo a avaliação de Bruno Eiras, diretor da DGLAB.
O número "está em crescendo", assume o responsável, ajudado também pelo fator digital. "As bibliotecas são o último serviço público com acesso gratuito à Internet", mas, ainda assim, o investimento em serviços não diretamente relacionados com os livros - leitura de jornais, Internet ou atividades didáticas - está a ter o efeito de trazer público e direcioná-lo para os livros.
Porto
68 mil utilizadores em 2019
A Biblioteca Almeida Garret, no Porto, costuma estar lotada diariamente e este ano já foram contabilizados mais de 42 mil utilizadores. E na sua irmã mais velha, a Biblioteca Municipal, em S. Lázaro, o número é de 26 mil.
Nos anos 90, havia muitos empréstimos de filmes e música, mas Inês Vila, chefe das bibliotecas municipais do Porto, sublinhou ao JN que o foco voltou a ser nos livros. Os grandes êxitos, na Almeida Garrett, são as coleções infantojuvenis e a literatura contemporânea. A Biblioteca de S. Lázaro, que é Depósito Legal nacional e tem mais de 11 km de documentação, está constantemente a ser requisitada por estudantes, especialmente por investigadores estrangeiros.
Atualizar o acervo dos dois serviços é, por isso, uma preocupação. Só este ano, a Biblioteca de S. Lázaro obteve 85 907 artigos novos. A Almeida Garrett ganhou 8738 novas aquisições.
Braga
4500 empréstimos mensalmente
Em 2018, entraram 498 mil visitantes na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, e saíram todos os meses uma média de 4500 livros. Num ano, esta biblioteca pública emprestou 54 583 títulos, sobretudo a jovens universitários e a leitores com idades entre os 30 e 40 anos. Os primeiros costumam procurar mais livros técnicos e os segundos são, muitas vezes, ex-universitários que "regressam aos hábitos de leitura de literatura", com os autores portugueses e os best-sellers norte-americanos entre os preferidos. Quem o diz é a coordenadora do espaço, Aida Alves, que acredita que a "oferta diversificada e atualizada", aliada "à componente económica", justifica que, desde que abriu, em 2004, a biblioteca mantenha o nível de requisições mensais. O dinamismo também se reflete nas centenas de atividades que organiza anualmente.
Ílhavo
Continuar a investir em livros
De ano para ano, a Biblioteca Municipal de Ílhavo tem aumentado o número de requisições e o número de novos utilizadores. Só no primeiro semestre deste ano, foram 39 mil os empréstimos registados.
O livro continua vivo. "Acreditamos que nunca vai acabar. Continuamos a investir em novos livros e a ter muita procura", explica Lisete Cipriano, chefe de divisão na área da cultura, da Câmara Municipal de Ílhavo.
Não há dia em que, ao final da tarde, o balcão não se encha de pais com crianças a requisitar livros. Mas há gente de todas as idades a frequentar a biblioteca, para ler, trabalhar ou participar nas iniciativas ali promovidas, visto que "as bibliotecas, cada vez mais, são mais do que guardiãs de livros: são casas do saber e da informação".