O argumentista escocês Alan Grant morreu, esta manhã, vítima de doença prolongada, aos 73 anos. A notícia foi dada pela esposa, na sua página do Facebook e de imediato as homenagens e as páginas de tributo multiplicaram-se nas redes sociais.
Corpo do artigo
Natural de Bristol, onde nasceu a 9 de Fevereiro de 1949, começou a trabalhar na indústria de comics em 1967, como editor da DC Thompson, onde conheceu John Wagner, que o convidou a escrever com ele histórias de Tarzan, na primeira de muitas parcerias ao longo dos anos.
O passo seguinte, em 1970, foi a entrada para a redacção da revista "2000 A.D.", uma das mais conceituadas e famosas da Grã-Bretanha, onde, a solo ou com Wagner, viria a escrever episódios de "Judge Dread", "Robo-Hunter" ou "Stromtium Dog".
No final da década seguinte, sempre com John Wagner, começou a trabalhar para os Estados Unidos, para a DC Comics. A primeira criação da dupla foi a mini-série "Outcast limited series", que lhes abriu a porta para escreverem histórias de Batman. Nos primeiros episódios introduziram na série as personagens Ventriloquist e Ratcatcher, mas ao fim de alguns números Wagner abandonou o Homem-Morcego. Grant assumiu a escrita sozinho, tendo-se tornado um dos principais argumentistas do Cavaleiro das Trevas durante a década de 1990, período em que co-criou as personagens Anarky e Victor Zsasz, recentemente recuperadas nas séries de TV "Arrow" e "Gotham".
Na sua bibliografia contam-se também argumentos para "Lobo", "Superman" ou "Liga da Justiça", igualmente na DC Comics, ou para "Punisher", na Marvel.
Entre os trabalhos mais recentes de Grant estão "Rok of the Reds" (2016), uma série de novo co-assinada com Wagner, protagonizada por um futebolista extraterrestre, e episódios de Judge Anderson (2018) e "Battle Special" (2020), para revista "2ooo A.D."
Se muitas das suas obras chegaram aos leitores portugueses através das revistas de super-heróis, primeiro brasileiras, depois portuguesas, no que respeita a edições para livraria, distinguem-se o álbum "Julgamento em Gotham" (Meribérica/Líber, 1994), com o primeiro encontro entre Batman e Judge Dredd, e a colectânea "Contos de Batman" (Levoir, 2014).
Em 1992, a Comic Con de San Diego atribuiu a Alan Grant o troféu Inkpot pela sua notável carreira nos comics e a sua contribuição para a cultura pop.
A sua morte vem tornar mais negro um ano em que a BD já perdeu, entre outros, Jean-Claude Mezières, Miguel Gallardo, Neal Adams, George Pérez ou Tim Sale.