Fadista apresenta esta sexta-feira no Theatro Circo “Metade-metade”. “É um espetáculo muito intimista”, confessa ao JN.
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Quando esta sexta-feira à noite, a partir das 21.30 horas, Aldina Duarte voltar a pisar o palco principal do Theatro Circo, em Braga, vai estar de regresso a uma sala que é “garantidamente uma das mais bonitas do Mundo”.
Essa é, aliás, uma ressalva que a fadista faz questão de frisar, logo em início de conversa, quando o JN lhe pede para antecipar o concerto.
“É um dado importante, porque a própria arquitetura e a beleza da sala favorecem um espetáculo com as características do meu, que vive da poesia, do intimismo e da dimensão humana”, justifica.
É nesse contacto, que se quer cru, sincero e despojado de artificialidade, que a cantora natural de Lisboa vai apresentar o mais recente trabalho, “Metade-metade”, cujas letras foram escritas pela rapper portuense Capicua.
“Percebo a improbabilidade aparente [desta parceria], mas na verdade não é assim. Conheço muito bem o trabalho da Capicua e temos muitas afinidades, o entendimento entre nós foi muito fácil. Acabámos por ficar grandes amigas, porque este é um processo criativo que nos liga pela alma”, diz Aldina Duarte ao JN.
Desafio novo e diferente
Neste novo disco, “mais do que nunca, a musicalidade da palavra e a mensagem” são aspetos centrais.
“O amor romântico desaparece para dar lugar ao amor universal, que pode assumir várias formas. Pode ser um amor pelos amigos, pela literatura, pela própria liberdade ou pela natureza, de que não estamos a cuidar bem, como provam as alterações climáticas”, explica a cantora.
Por tudo isso, admite Aldina Duarte, este trabalho representa um “desafio totalmente novo” enquanto intérprete, o que a obrigou também a redescobrir-se e até a “encontrar um registo vocal diferente” para dar expressão aos textos.
“A Capicua traz uma poética nova para as melodias do fado tradicional, com uma linguagem forte e que não era habitual”, garante Aldina Duarte.
No entanto, apesar de “estar ainda muito inebriada” por este projeto mais recente, o espetáculo no Theatro Circo vai ter também temas de trabalhos anteriores. “Faço sempre concertos diferentes, gosto de mudar alguma coisa no enredo.
No fundo, é quase como se fosse o mesmo livro, mas com capítulos diferentes para que nunca haja repetições”, assegura Aldina.
Em palco, a fadista estará acompanhada por Bernardo Romão na guitarra portuguesa, Rogério Ferreira na viola e Ana Isabel Dias na harpa.