Já está nas salas de cinema o divertido e comovente “Querida Léa”.
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Chegou esta semana aos cinemas de todo o país uma mega-produção histórica francesa, com um orçamento que dava literalmente para todo o cinema português durante um ano mas completamente parco de ideias de cinema e de emoções. Esqueça!
Pelo contrário, vá à procura de uma preciosidade que nos mostra que o cinema francês é diverso, é capaz de esbanjar dinheiro em torno de um “produto” mas também possibilita pequenos filmes em dinheiro gasto, mas cheios de ideias, de momentos inesquecíveis para nos oferecer, de emoções em todas as suas esquinas.
O filme em causa chama-se “Querida Léa” é é assim seguramente que começa uma carta de amor que a personagem central do filme vai escrevendo mas que tem de ver o filme até ao fim para perceber se a entrega ou não. Estamos no domínio da separação amorosa e do efeito que esse momento provoca, quase sempre incrivelmente doloroso para um dos lados.
“Querida Léa”, já se percebe, fala de algo pelo qual todos nós inevitavelmente passámos, mais cedo ou mais tarde nas nossas vidas, e por isso é um daqueles filmes com que facilmente nos identificamos. A sua história já foi vista mil vezes no cinema, mas como aquela que já nos aconteceu, esta não é como as outras.
Jonas volta a casa da ex-namorada, para tentar uma reconciliação. Mas o último amor que fazem é mesmo o último. Com um stress profissional a não ajudar e a ex-mulher a partir da cidade, Jonas abanca no café em frente, onde vai escrevendo uma carta que espera poder vir a salvar a sua relação e encontra no proprietário o ombro que necessita…
“Querida Léa” fala-nos desse momento de desespero em que somos capazes de tudo, sem perceber que tudo acabou. Diz-nos também, como sabemos, que quando uma porta se fecha haverá outra para abrir. Sofremos com Jonas, mas queremos a todo o momento dar-lhe conselhos. É quase um filme interativo.
Jérôme Bonnell, argumentista e realizador, gosta das suas personagens, apesar das suas contradições e dos seus defeitos, ou precisamente por isso mesmo. Encontra em Grégory Montel um seu cúmplice e agora nosso amigo. Vá ver, vai encontrar-se por lá…