É como procurar uma agulha num palheiro. São poucos, muito poucos, os músicos, atores, escritores, artistas, que não estão nas “montras” de exposição permanente. Nada contra, garantem, percebem esse modo de funcionar, o fascínio, a euforia.
Corpo do artigo
O ator Hélder Agapito, o maestro António Victorino d’Almeida, o escritor Gonçalo M. Tavares estão do lado de fora, decidiram não entrar, tal como o humorista Ricardo Araújo Pereira, e não se consideram prejudicados nas suas artes. Não estão lá e existem.
Certo dia, o ator Hélder Agapito estava numa mercearia ao pé de casa, um realizador da Geórgia andava por lá às compras, o dono do espaço percebeu a afinidade artística, colocou-os à conversa. A dada altura, o cineasta de telemóvel na mão, de olhos postos no pequeno ecrã do aparelho e dedos preparados, pergunta-lhe: “Onde te posso encontrar?” O ator responde-lhe: “Aqui, eu moro aqui”. Nas redes, ninguém o encontra. Porquê, perguntamos nós? “Não há uma razão.” “Gosto mais de viver do que estar nas redes”, acrescenta poucos minutos depois.