Atores (quase) residentes para o ano do centenário do São João

O Teatro Nacional de S. João (TNSJ) vai realizar no ano do seu centenário o desejo antigo de ter uma companhia de teatro "(quase) residente". Foi apresentada como "quase", porque têm a duração de apenas um ano os contratos assinados com seis atores: Afonso Santos, Joana Carvalho, Maria Leite, João Melo, Mário Santos e Rodrigo Santos, todos eles colaboradores habituais de Nuno Cardoso no Ao Cabo Teatro - companhia que dirigia até ser nomeado diretor artístico do TNSJ.

Serão eles os protagonistas das três produções próprias previstas para a temporada de março a julho. A peça "Castro", encenada por Nuno Cardoso, é o primeiro desses espetáculos, num ano de celebração antes do fecho para obras anunciado para 2021 . "Quando reabrir estará equipado para três décadas felizes", explicou Pedro Sobrado, presidente do Conselho de Administração do TNSJ, sala inaugurada em 1920, 12 anos após o incêndio que destruiu o anterior edifício, o Real Theatro São João.

Durante o fecho, as atividades do teatro continuarão no Porto e "fora de portas", através de digressões, com uma "parte muito expressiva de atividades a ser direcionada para o Teatro Carlos Alberto [TeCA]", disse o diretor artístico, Nuno Cardoso.

A festa dos 100 anos do teatro, marcada para 7 de março, prevê um programa especial, que abrange o TeCA e o Mosteiro de São Bento da Vitória, com entrada gratuita (ler caixa acima).

Programa internacional

Mas nem só de prata da casa será feita a agenda. De março a julho, o programa "Olhar de Ulisses" trará oito produções internacionais.

Angelica Lidell, nome maior da dramaturgia contemporânea espanhola, aterra no TNSJ a 13 e 14 de março, com "The scarlet letter". O Festival Internacional de Expressão Ibérica traz, em maio, o mexicano Jorge A. Vargas e o argentino Sergio Boris. Em destaque está também, em junho, Frank Castorff, o alemão que trará obras de Racine e Artaud.

Dramaturgia à Porto

A presença de companhias do Porto está bem vincada na linha programática de 2020. A Turma apresentará, entre os dias 1 e 5 de abril, o tríptico "Alma + Airbnb e Nuvens: uma rádio novela + Wake Up", encenados por Tiago Correia, Manuel Tur, António Afonso Parra e Luís Araújo. Com enfoque na dramaturgia nacional contemporânea, outros coletivos da cidade vão revisitar grandes clássicos. A Palmilha Dentada trará Molière com "O burguês fidalgo" (21 de maio a 7 de junho); o Teatro do Bolhão apresenta um texto de Musset, com "Lorenzaccio" (29 de maio a 7 de junho); o Teatro Experimental do Porto traz a revisitação de "Antígona", com encenação de Gonçalo Amorim (2 a 12 de julho) e a Ensemble revisita o clássico de Tchekov "As três irmãs" (9 a 19 de julho).

Ao todo, estão previstos 30 espetáculos, para além de visitas guiadas, oficinas e leituras.

Teatro fechado

O TNSJ vai estar fechado de 31 de março a 1 de outubro de 2021 para obras de reabilitação, orçamentadas em 1,5 milhões de euros, indicou o presidente da instituição, Pedro Sobrado. A obra está integrada numa candidatura global a verbas do programa Norte 2020, no valor total de cerca de 2,3 milhões de euros, 85% dos quais financiados por fundos comunitários.

Exposição e edição

No âmbito do centenário será inaugurada em setembro uma exposição que recupera a memória histórica do TNSJ, recorrendo a documentos escritos, fotografias ou ao filme e vídeo. Serão também lançados seis "Cadernos". O primeiro, "O elogio do espectador" (lançado a 7 de março), reúne 100 depoimentos sobre 100 espetáculos da casa.

Programa intenso de iniciativas de comemoração

A 7 de março, o São João faz 100 anos e a celebração terá um programa intenso com iniciativas de entrada livre. Ricardo Pais regressa com "Turismo infinito", espetáculo protagonizado por João Reis.

A peça "Castro", em cena no Teatro Aveirense, será projetada na Praça da Batalha. Haverá visitas guiadas ao teatro, conduzidas por personalidades do Porto.

Entre outras atividades, está também prevista uma versão renovada da mostra "Noites brancas".