Municípios com a chancela de Capital Portuguesa de Cultura trocam experiências e colaboram em novos projetos. Balanço final de Aveiro 2024 diz que não houve derrapagens no orçamento de 8 milhões.
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Aveiro 2024, a primeira Capital Portuguesa de Cultura, está a trabalhar com as cidades que têm a chancela, em particular Ponta Delgada, nos Açores, que assume a função em 2026.
A revelação foi feita esta quarta-feira por Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, no balanço da sua capital.
Segunda-feira há reunião com a comissária de Ponta Delgada, Katia Guerreiro, e os dois municípios estão já a “trabalhar vários projetos”.
O contributo de Aveiro será “testemunhal”, partilhando a sua experiência, “mas também a nível da programação”. “Preferencialmente”, os eventos terão lugar em Ponta Delgada, mas o município açoriano manifesta uma “atitude inovadora” e quer “fazer coisas que lhe dê presença na dimensão continental”, disse Ribau Esteves, sem adiantar mais pormenores.
Na conferência de balanço final, o autarca disse ainda que Aveiro será, a par de Lisboa e Porto, o município com programação de referência no pavilhão de Portugal em Osaka, no Japão, onde decorre a Exposição Mundial. A temática é os oceanos e Aveiro deverá dar destaque à passagem do navio Sagres na cidade, que foi um dos momentos que marcou a capital da cultura inaugural.
Orçamento não derrapou
Ao longo de 2024, houve 730 estruturas artísticas e 13 projetos comunitários a mostrarem o seu trabalho, envolvendo 5500 pessoas. Algumas das produções vieram do estrangeiro, tendo estado representadas 22 nacionalidades, especificou o programador cultural, José Pina.
Houve 120 estreias absolutas ou nacionais e mais de 60 coproduções. As celebrações ajudaram Aveiro a bater recordes no número de pessoas que passaram pelos diversos equipamentos culturais, com destaque para os museus.
Aveiro contou com um orçamento de oito milhões de euros (seis da Câmara, um do Centro 2030, 500 mil do Ministério da Cultura e 500 mil do Turismo do Centro), utilizado na íntegra para “programação cultural” e custear a obra “Sonhando tudo”, do escultor Rui Chafes, um “símbolo” que fica para o futuro.
A organização, adiantou José Pina, esforçou-se para cumprir o orçamento sem derrapagens. “Os números preliminares indicam que vamos atingir este valor”, ficando talvez “um pouco abaixo”, cumprindo-se os objetivos de “não haver desvios” e de se “conseguir sustentabilidade”, referiu.
As sementes plantadas começam a dar frutos, havendo já “uma [empresa] criativa de Aveiro que tem uma carteira de projetos de videomapping” por essa Europa fora e “dois projetos, de duas companhias muito marcantes do panorama nacional na área do teatro, a instalarem-se em Aveiro – não é por acaso”, rematou Pina.
Vêm aí mais capitais nacionais
A ideia de haver mais capitais portuguesas de cultura em 2028 – corre agora Braga 2025 e ainda aí vem Ponta Delgada 2026 –, está a ser ponderada. Ribau Esteves respondeu com “um sim bem argumentado” à pergunta da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, sobre se “o país deve continuar a ter” estas iniciativas.
Os municípios assumem o papel de “motor” dos cidadãos, do tecido associativo e das empresas e a capital é um “estímulo” para se criarem dinâmicas e “riqueza muito relevante”, diz Ribau.
As capitais nacionais são uma ideia do ex-ministro da Cultura Pedro Adão e Silva, do anterior Governo PS, para valorizar as cidades que concorreram a capital europeia mas perderam para Évora 2027.