Começa esta quinta-feira a 75.ª edição da Berlinale. Filme da portuguesa Paula Tomás Marques, “Duas vezes João Liberada”, concorre na nova secção Perspetives.
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Um dos mais antigos e prestigiados festivais de cinema de todo o mundo, a Berlinale, abre esta quinta-feira à noite com a exibição, fora de concurso, do último filme do alemão Tom Tykwer, “The light”. As expectativas são grandes, tratando-se da primeira edição sob a direção da britânica Tricia Tuttle, que sucede assim ao curto mandato da dupla Carlo Chatrian e Mariette Rissenbeek.
O júri, presidido pelo realizador norte-americano Todd Haynes, decidirá quem vai levar o tão desejado Urso de Ouro entre os 19 filmes selecionados a concurso. Uma lista prometedora onde, além de outros nomes menos conhecidos, se encontram os últimos trabalhos de Richard Linklater ("Blue moon"), Michel Franco ("Dreams"), o inevitável Hong Sangsoo ("What does that nature say to you"), o brasileiro Gabriel Mascaro ("O último azul"), Lucile Hadžihalilović ("La tour de glace"), ou o romeno já vencedor em Berlim, Radu Jude ("Kontinental ’25").
A presença portuguesa, mais magra do que é habitual em Berlim, apadrinha no entanto a nova seção competitiva, Perspetives, que substitui os Encounters, criados pela equipa anterior do festival. Destinada a mostrar primeiros filmes, é nessa categoria que será projetada a estreia na longa-metragem de Paula Tomás Marques, “Duas vezes João Liberada”.
O filme segue João, uma atriz lisboeta, que protagoniza uma biografia sobre Liberada, uma dissidente de género perseguida pela Inquisição portuguesa no século XVIII. A produção do filme torna-se num local de disputa quando João entra em conflito com o realizador sobre a forma como o legado de Liberada deve ser representado. O filme terá a sua estreia mundial na próxima terça-feira, dia 18, num novo espaço do festival, o Stage Bluemax Theater.
Daniela Ruah promove-se no Mercado
Portugal estará ainda representado enquanto coprodutor minoritário de dois filmes apresentados em outra secções do festival. No Forum, espaço destinado a obras de característica mais experimental, poderá ser visto “La memoria de las mariposas”, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, enquanto que o Forum Expanded mostrará “Mirage: eigentstate”, de Riar Rizaldi, que junta produtoras da Indonésia, do Reino Unido e de Portugal.
Cada vez mais aberto ao fenómeno das séries de televisão, o Mercado do Filme volta a ter uma componente virada para esse segmento, o Berlinale Series Market, onde a portuguesa Ukbar Filmes apresentará a série “Espias”, com Daniela Ruah e Maria João Bastos, que coproduziu com a polaca Krakow Film Klaster.
O programa Shooting Stars, proposto pela European Film Promotion, selecionou como sempre dez jovens talentos emergentes de outros tantos países da União Europeia, estando o cinema português de novo representado, agora com Vicente Wallenstein, seguramente escolhido após o brilhante desempenho no último filme de Luís Filipe Rocha, “O teu rosto será o último”, e que terá assim a possibilidade de encontrar produtores, realizadores e agentes da cena internacional.
Talentos a descobrir
Finalmente, nas cerca de duas centenas de Berlinale Talents, que possibilita a atores, realizadores e técnicos de todo o mundo o contacto com algumas das personalidades presentes em Berlim, encontram-se quatro portugueses, a produtora Margarida Serrano, a realizadora de animação Maria Trigo Teixeira, o realizador e argumentista Daniel Soares, e o realizador e montador Pedro Augusto Almeida.
O festival, que em outras secções mostra ainda filmes de realizadores como o sul-coreano Bong Joon Ho, o canadiano Denis Côté ou a brasileira Anna Muylaert, termina no próximo domingo dia 23, já depois do anúncio os prémios, marcado para o sábado anterior, ao fim da tarde.