“Foliada no inferno” é o sexto e mais recente álbum da irreverente dupla que cruz o hip-hop com outras linguagens musicais.
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Menos de um ano depois do lançamento do seu último disco, “Os meus peidos cheiran a pétalos perfumados”, a dupla galega Boyanka Kostova está de regresso. Agora com um completo e eclético trabalho, “Foliada no inferno”, que passa por tantos lugares quantos a carreira de Cibrán e Ortiga nos têm habituado.
Após apostarem num disco marcado pela estética da velha escola do hip-hop, era esperada uma surpresa por parte de Boyanka Kostova. As diferenças entre o quinto e o sexto trabalho de estúdio são notáveis logo na capa. Se no disco de 2023 apresentavam autorretratos em forma de anjos, com elementos naturais e uma cor neutra, “Foliada no inferno” traz uma iconografia vermelha em que as formas são entre o diabo e o minotauro, com dois elementos tipicamente galegos: conchas e o pandeiro.
A marca galega é, aliás, o que não poderia faltar numa produção da dupla. Começando pela língua à qual se mantêm fiéis, é na faixa que dá nome ao álbum que incorporam a mais do que reconhecida melodia galega – tanto com o pandeiro como com a gaita de foles. Com potencial para alcançar os números e o favoritismo de “Muinheira do Interior”, de 2020, a sua criação mais reproduzida em todas as plataformas digitais,
“Foliada no Inferno” é uma mistura entre elementos sonoros tradicionais, métrica do hip-hop, a narrativa de uma “rave” e eletrónica quanto baste. Sendo uma das produções mais bem conseguidas até agora, a par, igualmente, com a melhor narrativa e produção de um disco até agora feitas, é uma das provas de que Boyanka Kostova chegaram para ficar e para melhorar.
As restantes faixas do álbum variam entre os sons fiéis ao hip-hop, como “A resposta” ou “Bo chaval”, e aquelas que entram por novas sonoridades, como o pop latino, presente na orelhuda “Que che den polo cu”, ou eletrónica de batida rápida, com “Doimakara”. O acordeão de “Fóra da lei” marca o mais fora da caixa, sendo a única colaboração. Nas temáticas, não falta a já habitual sublime ironia que caracteriza os rappers, que ao longo do seu trabalho vão fazendo diversas referências à vida noturna mas também à vivência numa região tantas vezes desprezada.