O fadista Camané apresenta-se este sábado no Theatro Circo, em Braga. O concerto é baseado no seu mais recente trabalho discográfico, "Infinito presente".
Corpo do artigo
O sétimo álbum de originais de Camané em que este espetáculo se baseia foi de novo produzido por José Mário Branco e é ancorado no fado tradicional, salvo raras exceções.
O tempo é o fio condutor do novo trabalho de Camané. Em "Infinito Presente" há tempo para o passado com fados tradicionais, um poema de Frei António Chagas que data do século do séc. XVII, fados cantados no início do século XX pelo bisavô do fadista, José Júlio Paiva e um inédito de Alain Oulman. E há o presente com as letras de Manuela de Freitas e novos fados de José Mário Branco.
O título genérico do disco é de um poema de David Mourão-Ferreira, poeta de referência do fadista.
Para Camané, que a propósito do lançamento deste CD, na passada segunda-feira, falou com o JN, "tudo evoluiu de forma positiva e isso foi importante. Lembro-me que, ao principio, eu era muito tímido. Ficava mais encolhido em alguns temas. Mas, aos poucos, as coisas foram mudando. Aprendi a lidar com a timidez e isso também me ajudou em palco. Percebi que, para crescer artisticamente, os espetáculos ao vivo eram importantes. Os fados no palco ganham uma dimensão e uma história diferentes. É isso que eu gosto. Tudo numa perspetiva de melhorar o trabalho".
O fadista não duvida que o fado passou a fazer parte da vida das pessoas. "É uma música triste, é verdade, mas é de uma tristeza que nos faz sorrir. As pessoas tinha preconceito exagerado em relação ao fado porque o fado e triste. Pois, o fado é triste. Também na ópera morrem todos no fim e no entanto sai-se de lá com a alma cheia. O fado tem isso. Obriga à reflexão. Transporta-nos para vivências e locais".
De "Infinito presente" Camané irá interpretar as composições de José Júlio Paiva, seu bisavô ("Conta e tempo" e "Aqui está-se sossegado", para o tradicional fado espanhol), o inédito de Alain Oulman ("A correr"). Do alinhamento faz também parte, entre outros um tema de Vitorino Salomé ("Medalha da Senhora das Dores").
O concerto tem início às 21.30 horas. A acompanhar o fadista estarão José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Manuel Proença, na viola e Paulo Paz no contrabaixo. Os bilhetes custam 18 euros.