Autarca Rui Moreira diz que conflito entre inquilino e atual proprietário do Teatro é alheio à autarquia. Em causa está quem paga as obras de restauro do degradado imóvel.
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A Câmara do Porto permanece "à margem" do conflito em torno do Teatro Sá da Bandeira, no Porto. A reação do autarca Rui Moreira aconteceu ontem, dois dias depois de o JN ter revelado que a Livraria Lello, proprietária do histórico imóvel na Baixa portuense, vai avançar para a via judicial e obrigar o inquilino, a firma Rocha Brito & Vigoço, a assumir o encargo das obras de restauro e reabilitação consideradas "urgentes" por um relatório técnico de peritagem.
"A manutenção do Teatro [Sá da Bandeira] e a relação entre eles [proprietário e inquilino] decorre à nossa margem e não me posso pronunciar", referiu o autarca independente.
Rui Moreira disse que não é da sua competência emitir juízos sobre o litígio entre as duas empresas.
"Não me compete a mim pronunciar sobre essa matéria [litígio], sendo certo que a câmara tudo fez e que o inquilino aquilo que pediu foi a classificação do Teatro como loja histórica, o que o município, através de uma comissão independente, considerou legítimo, e parece-me legítimo, dado ser um teatro", frisou.
Câmara "salvou" teatro
Moreira recordou que o Teatro Sá da Bandeira "foi salvo" pela câmara portuense em 2017, depois de ter classificado a sua sala de espetáculos. Nesse ano, em que se realizaram as eleições autárquicas, a câmara foi notificada de que o teatro ia ser vendido porque estava numa zona onde esta poderia exercer o seu direito de preferência, explicou. E, depois de uma votação unânime por parte dos deputados da Assembleia Municipal, a câmara exerceu esse direito de preferência e classificou a sala de espetáculos e não o edifício todo, esclareceu Moreira.
"Classificámos a sala e percebemos que a partir dali, quem viesse a adquirir o teatro, não podia deixar de salvaguardar a história e património daquele teatro que é o mais antigo do Porto", salientou. Depois, acrescentou, foi lançada uma hasta pública "amplamente anunciada" e surgiu uma entidade que comprou o Sá da Bandeira - no caso por 3,5 milhões de euros.