Cabo que unia as duas cabinas do Elevador da Glória "cedeu", aponta primeiro relatório
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) emitiu, este sábado, uma nota informativa sobre o descarrilamento do Elevador da Glória, em Lisboa, na última quarta-feira. "Foi de imediato constatado que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no seu ponto de fixação", lê-se no documento. O acidente fez 16 vítimas mortais e 18 feridos.
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"Segundo as evidências observadas até ao momento, o plano de manutenção previsto estava em dia e na manhã do dia do acidente havia sido realizada a inspeção visual programada, a qual não detetou qualquer anomalia no cabo e nos sistemas de frenagem dos veículos. A zona onde o cabo se separou não é passível de visualização sem desmontagem", apontou o GPIAAF. O documento emitido este sábado, ao início da noite, é uma nota informativa e será publicado um relatório preliminar dentro de 45 dias pelo mesmo gabinete.
Os peritos revelam ainda que o cabo tinha "uma vida útil de 600 dias" e "aquele existente no momento do acidente havia sido instalado há 337 dias, tendo ainda uma vida útil de 263 dias até à sua substituição". Ainda não foi possível determinar quantas pessoas estariam dentro do Elevador da Glória, tendo o veículo iniciado a sua viagem às 18.03 horas.
"Alguns instantes após o início do movimento e quando não teriam percorrido mais de cerca de seis metros, as cabinas perdem subitamente a força de equilíbrio garantida pelo cabo de ligação que as une", salienta o GPIAAF. O guarda-freio do veículo, uma das vítimas mortais do acidente, "acionou o freio pneumático, bem como o freio manual a fim de tentar suster o movimento", quando o elevador começou o seu movimento descendente a grande velocidade.
Guarda-freio tentou travar veículo
As ações do guarda-freio para travar o veículo "não tiveram efeito em suster ou reduzir a velocidade do veículo e a cabina continuou em aceleração pelo declive". O veículo, devido à velocidade, começou a descarrilar.
"As forças desenvolvidas acabam por arrancar os perfis Z do pavimento e o veículo perde totalmente o guiamento, embatendo lateralmente a parte superior da cabina na parede do edifício existente do lado esquerdo da calçada, o que iniciou a destruição da caixa de madeira e depois frontalmente contra um poste de iluminação pública e outro de suporte da rede aérea elétrica do ascensor, ambos em ferro fundido e que causaram danos muito significativos na caixa, e terminando pouco depois o seu movimento descontrolado contra a esquina de um outro edifício", lê-se na nota informativa.
Os peritos estimam que o primeiro embate do veículo poderá ter ocorrido "a uma velocidade da ordem dos 60 km/h", num tempo inferior a 50 segundos, desde o rompimento do cabo.