A artista manifestou o seu desalento por não ter conseguido apresentar o primeiro álbum de originais na sua cidade natal.
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A cantora, natural de Guimarães, deu uma entrevista a um órgão de comunicação local em que se queixa de não conseguir agendar uma data para apresentar o seu primeiro álbum de originais, “Tanto Mais”, no Centro Cultural Vila Flor (CCVF).
Na reunião do executivo camarário, esta quinta-feira, a vereadora da coligação PSD/CDS, Vânia Dias da Silva, expôs a situação e criticou a atitude da cooperativa que gere o CCVF, denunciando aquilo que classificou como uma “ditadura de gosto”. A Oficina, através de um comunicado, justifica a indisponibilidade com o reagendamento de concertos adiados durante a pandemia e o presidente da Câmara assegura que tem vontade de ver Sofia Escobar na cidade.
A polémica começou quando a artista falou com mágoa da dificuldade de apresentar o seu disco na sua cidade, durante um concerto para angariação de fundos para a recuperação da capela de Nossa Senhora da Conceição, na igreja paroquial com o mesmo nome, no passado sábado. Posteriormente, numa entrevista ao jornal local "Mais Guimarães", Sofia Escobar deu conta de estar a tentar agendar um concerto no Centro Cultural Vila Flor, há dois anos, sem sucesso.
Sobre este assunto, Vânia Dias da Silva disse esta quinta-feira, na reunião do executivo, que “A Oficina tem praticado uma cultura seletiva, para que os espetáculos que vão ao CCVF sejam os que mais agradam à Câmara”. A vereadora democrata-cristã lembrou outro episódio, em outubro do ano passado, quando João Baião também não conseguiu agendar o seu espetáculo “Monólogos da Vacina” no auditório do Vila Flor. Nessa altura, diz Vânia Dias da Silva, “a justificação foi que "o CCVF não opera nesta linha de espetáculos".
Ir onde os outros não vão
O vereador com a pasta da Cultura, Paulo Lopes Silva, defende que “Sofia Escobar cabe na programação cultural do Município”, embora lembre que as políticas públicas devem ir “onde os outros não vão”.
O presidente da Câmara, Domingos Bragança, assumiu que já tinha tido uma conversa com o vereador da Cultura para que o concerto se realizasse logo que possível. Paulo Lopes Silva reitera as justificações dadas pela Oficina ao periódico que publicou a entrevista. A dificuldade de agendar o concerto da cantora vimaranense, de acordo com A Oficina, está relacionada com a indisponibilidade de datas, em função da necessidade de repor, em 2022 e 2023, espetáculos adiados em 2020 e 2021, devido à pandemia. O vereador lembra que a artista atuou em Guimarães (no São Mamede CAE), acompanhada pela Orquestra do Norte, “num dos nossos maiores motivos de orgulho”, quando se assinalaram os 20 anos da Capital Europeia da Cultura, em dezembro de 2021.
No mesmo comunicado, A Oficina diz que a Câmara Municipal “assumiu os honorários da artista”, no concerto de angariação de fundos para a recuperação da capela de Nossa Senhora da Conceição, realizado no passado sábado. Sofia Escobar, contudo, nega que tenha sido o Município a pagar o seu “cachet”. Na proposta aprovada na reunião de Câmara para subsidiar o espetáculo com sete mil euros, lê-se que isso acontece para custear outras despesas, “pese embora a gratuitidade do ‘cachet’”.