Ciganos de bairros do Porto lançam álbum "ZHA! É a nossa vez!" com oito originais
Jovens e adultos ciganos, dos bairros de Contumil, Lagarteiro e Cerco, da freguesia de Campanhã, no Porto, lançam na segunda-feira um álbum com oito temas, no âmbito de um projeto artístico do coletivo Visões Úteis.
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Segundo o diretor artístico do Visões Úteis, Carlos Costa, além do disco vão ser dados a conhecer três videoclipes, que revelam as histórias dos encontros e evidenciam a escolha do título do álbum: "ZHA! É a nossa vez!".
"ZHA!" (vamos, em romani) é um projeto de base comunitária, fruto da vontade de promover as tradições vivas das comunidades ciganas, que utiliza a música e a dança como forma de expressão e comunicação.
O Visões Úteis é parceiro da Câmara Municipal do Porto no programa Cultura em Expansão, que tem quatro polos em quatro zonas periféricas da cidade e permite acesso gratuito a iniciativas culturais.
"Nós somos os responsáveis pelo polo de Campanhã, uma freguesia do Porto no extremo oriental, relativamente periférica, onde ao longo destes anos, em proximidade com três bairros em particular - Lagarteiro, Cerco e Contumil - temos desenvolvido atividades de programação para o Cultura em Expansão, junto das comunidades ciganas ali existentes", explicou, à Lusa.
É neste âmbito que está a ser desenvolvido o "ZHA!", que é um projeto que se inclui no programa Práticas Artísticas para a Inclusão Social (PARTIS), da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação "La Caixa", que basicamente pretende o desenvolvimento de projetos artísticos com vista à inclusão.
Os primeiros frutos desta parceria com o coletivo Visões Úteis são o lançamento deste álbum, com oito temas originais, e de três videoclipes, que serão apresentados sob a forma de uma 'listening party', no Batalha Centro de Cinema, no Dia Internacional da Pessoa Cigana (08 de abril), às 21.15 horas.
"Pretende-se promover o legado cultural e patrimonial das comunidades ciganas, que é relativamente invisível fora do seu contexto cultural, fora do seu território, nomeadamente na música, na dança e no canto", sublinhou o diretor do Visões Úteis.
Segundo Carlos Costa, este é o culminar de "inúmeras dinâmicas" em contexto de oficina (sensibilização, histórias, dança, voz e instrumento, interpretação, 'styling', som e imagem, comunicação, edição e criação)
"Houve também uma preocupação em capacitar os participantes com as ferramentas adequadas para a melhor comunicação e promoção do projeto artístico, através de uma oficina de comunicação orientada pela jornalista, documentarista, escritora e professora universitária Vanessa Ribeiro Rodrigues, que utilizou metodologias ativas e participativas", acrescentou.
Este primeiro resultado do projeto antecede um espetáculo ao vivo, no Rivoli, em junho, um 'site' para divulgação da iniciativa, um documentário (da autoria de Vasco Mendes, com trabalho na área musical nacional) e um ensaio sobre este caso de estudo, a acontecerem nos próximos meses.
De resto, todo o projeto visa "a desmistificação de crenças e preconceitos" relacionados com esta minoria étnica, e pretende potenciar a integração das pessoas em "percursos de vida mais justos, inclusivos e participativos", dando visibilidade às respetivas práticas de criação artística, explicou Carlos Costa.
Com direção artística de Inês de Carvalho e coordenação social de André Sousa, "ZHA!" tem o Visões Úteis como parceiro artístico e promotor e a Fios e Desafios como parceiro social, tem a duração de 28 meses (setembro de 2022 e dezembro de 2024), e é apoiado pelas fundações Calouste Gulbenkian e "la Caixa" através do programa PARTIS.