Doze meses de celebrações para “a mais democrática das salas portuenses”, 30 anos após refundação e manifestação “O Coliseu é nosso”.
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Pedro Abrunhosa algemado na porta do Coliseu do Porto a gritar “O Coliseu é nosso”, no combate a um alvo comum, a Igreja Universal do Reino de Deus, é um episódio gravado a ferros na memória do ativismo portuense. Em agosto, essa memória cumpre 30 anos e a data não passa desacautelada a Miguel Guedes, agora presidente da instituição. São 160 espetáculos, um tributo à resistência que salvou a sala em 1995, com novas criações, colaborações inéditas e uma aposta clara no cruzamento de públicos e expressões artísticas.
“Há, desde logo, dois ramos: produção própria e acolhimento de espetáculos de referência. Temos de continuar com o legado da democracia e olhar para a diversidade: ópera, circo, dança e teatro, fazendo abrigo do interesse público”, revela o presidente.
A história de luta pela sala vai ser contada num livro inédito e celebrada no concerto evocativo “Todos pelo Coliseu”, espetáculo que, há três décadas, juntou vozes da música portuguesa. O cartaz não está ainda fechado.
O recém-criado Clube de Teatro Ativista, orientado pelo ator Pedro Lamares, promete levar arte e ativismo ao espaço público. O clube conta com o apoio do DST Group, de Braga, que, como explica Miguel Guedes, prova que “as forças vivas do Norte e do país estão com o Coliseu. Daqui a umas semanas vamos anunciar uma parceira com a Estrella Galicia, uma prova de que a Galiza tem uma relação umbilical connosco”, revelou.
A vertente social está reforçada com o projeto Elo, que a 20 de maio apresenta o espetáculo, com 100 participantes de diferentes nacionalidades.
Dois fossos e suspeitos
Outro dos grandes destaques é a ópera. “Temos dois fossos de orquestra e sempre que possível vamos cumprir esse desígnio”, diz Guedes. Já esta noite será apresentado “O morcego”, de Johann Strauss, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa e solistas nacionais.
A 23 de março arranca o ciclo dos Concertos Promenade, que cumprem agora 20 anos, abrindo o programa com composições de Tchaikovsky.
A 6 de abril é a vez de J. Bernardt, no ciclo “Os suspeitos”, no salão Ático. No mesmo ciclo estará, em outubro, Goodwin, voz dos britânicos The Slow Show, em nome próprio.
Outro dos pontos altos será o concerto de 23 de abril, de tributo a José Mário Branco. O eclético programa musical inclui também Gipsy Kings (22 de maio) e os Excesso (31 de maio).
Em maio, ainda com data a anunciar, decorre “The colosseum battle & night groove”, competição internacional de dança urbana. “Eu quero é andar de carrinhos de choque”, do Instituto Nacional de Artes de Circo, é uma das estreias do segundo semestre do cartaz do Coliseu.
Stand-up, magia e circo
A stand-up comedy com Russell Howard (10 de abril) e Raphael Ghanem (13 de março) também tem lugar na sala. Assim como a magia cómica de Siegried & Joy, duo de Las Vegas, a 10 de novembro.
Já o D20, iniciativa de jogos RPG, mantém sessões mensais na Adega do Coliseu. A 3 de abril, estreia-se uma oficina dedicada a Fernando Pessoa, onde os alunos assumem heterónimos do poeta. A fechar o ano, o Circo de Natal chega a 5 de dezembro.
O Coliseu renovou parcerias com o DDD - Festival Dias da Dança, o Trengo - Festival de Circo do Porto, o Indie Júnior e O Meu Primeiro FITEI, reforçando a forte ligação aos festivais da cidade.