Dados anuais do INE revelam que a música antiga ultrapassou o pop/rock no último ano de pandemia. Câmaras gastam 5% do orçamento nas artes.
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Os concertos de música clássica, barroca e antiga foram os espetáculos mais frequentados pelo público em Portugal em 2021, dizem as Estatísticas da Cultura do Instituto Nacional de Estatística (INE). 2021 foi um ano atípico de oferta cultural - o país esteve em confinamento geral de janeiro até à Páscoa e só retomou alguma normalidade em maio. Note-se que houve menos concertos de pop/rock do que de clássica.
Conclusão central dos dados do INE: 2021 trouxe um ligeiro aumento de resultados na atividade cultural face a 2020, ano de maior paralisação devido à covid, mas, ainda assim, os dados estão bastante abaixo de 2019, pré-pandemia.
Apesar de a música ser inequivocamente a categoria preferida dos portugueses nos consumos ao vivo, em 2021 a subcategoria de música clássica, barroca e antiga não venceu em todas as regiões. O Centro e o Algarve continuam a preferir a música pop/rock e o Alentejo e Açores têm como campeã de assistência a música popular e tradicional portuguesa.
Espetáculos rendem 28M€
Os espetáculos ao vivo geraram receitas de 28 milhões de euros, num total de 24 469 sessões realizadas. 3,6 milhões de pessoas assistiram a espetáculos - mas os bilhetes pagos foram apenas dois milhões.
Apesar de a música ser a categoria que gera mais receitas (16,1 milhões de euros), é o teatro que apresenta mais sessões: 9836 récitas, o que dá 40,2% do total de espetáculos em Portugal em 2021. Logo a seguir, a música contabiliza 37% do total de espetáculos, perfazendo as duas categorias juntas 3/4 da oferta cultural que decorreu em Portugal em 2021.
As modalidades culturais menos procuradas em 2021 foram os recitais de coros, ópera e folclore: tiveram só 1,8% do total de espectadores e 0,9% das receitas.
Lisboa faz mais dinheiro
Em média, os bilhetes mais caros são da categoria música popular e tradicional portuguesa, com 24,6 euros por bilhete; os do circo são os mais baratos, custando, em média, 3,1 euros.
A Área Metropolitana de Lisboa foi a que teve mais espectadores (38,3%), bilhetes vendidos (51,7%) e gerou 63,5% das receitas nacionais de bilheteira. Segue-se a Região Norte, que teve 29,3% dos espectadores e gerou 23,5% do total de receitas de espetáculos ao vivo. Em 3.o lugar ficou a Zona Centro.
Em 2021, as despesas das autarquias com atividades culturais ascenderam a 491,4 milhões de euros. O património cultural absorveu 124, 9 milhões de euros, sendo 50% desta despesa afeta aos museus.
Alentejo: 74,4€ por pessoa
As autarquias gastam em média 5% do seu orçamento em atividades culturais.
A região do Alentejo é a que tem a maior despesa por habitante em atividades culturais e criativas, gastando, em média, 74,4 euros por pessoa.
A Madeira, o Norte e a Área Metropolitana de Lisboa são as regiões onde as câmaras menos gastam em atividades culturais, estando abaixo da média nacional de 47,4 euros por habitante.
Outros dados:
7.5 milhões nos museus. Os museus nacionais foram visitados por 7,5 milhões de pessoas - aumento de 30,7%. Desses, 2,9 milhões eram estrangeiros. Os preferidos são os museus de arte.
50% de ficções. Metade dos filmes exibidos são de ficção, seguindo-se documentários e animações. "Bem bom" foi o nacional mais visto e, nos estrangeiros, ganhou "007: Sem tempo para morrer".
14,1% de crescimento. Os negócios das atividades culturais aumentaram 14,1%. Foram as agências de publicidade que registaram o maior acréscimo, com mais 126,7 milhões de euros.
55, 3% de literatura. Mais de metade dos livros editados são de literatura, seguindo-se os manuais de ensino (5%). Os infantojuvenis são os livros preferidos (28,9%).