Segundo concerto dos Da Weasel depois da separação, há mais de dez anos, acontece no dia 14 de julho no Festival Meo Marés Vivas, em Gaia. Banda celebra 30 anos de carreira, promete surpresas e um espetáculo "maior" com mais de duas horas.
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"Lembro-me que disse que no próximo concerto vamos esticar a corda e estiquei a corda ao dizer isso". João Nobre, também conhecido por Jay, conta que levantar o véu sobre o segundo concerto dos Da Weasel depois da separação lhe valeu uns raspanetes. Mesmo assim, em dia de apresentação a Norte da sua biografia - "Da Weasel: Uma página da história" - o grupo revelou ao JN que no dia 14 de julho regressa aos palcos. Será no Festival Meo Marés Vivas, Gaia, com um concerto "maior" do que o do Nos Alive, em Lisboa.
"Vamos poder fazer o que não fizemos no ano passado, vamos poder estar mais tempo em palco, dedicar mais tempo às pessoas, ao público, e isso traduz-se em mais músicas", adianta Jay.
DJ Glue (ou Miguel Negretti) aproveita a onda de revelações e garante aos fãs: algumas das faixas mais pedidas, e que não integraram o espetáculo de regresso em 2022, estarão presentes a 14 de julho. "Esse trabalho de escolher os temas para o regresso foi complicado. Selecionamos canções que, infelizmente, tiveram de ficar de fora". Agora, no segundo concerto da banda desde 2010, vão refazer o futuro e reviver o que estava planeado mas não aconteceu.
"Têm-nos pedido coisas nas redes sociais que vamos incluir", diz Jay num sorriso.
"A fasquia está alta", junta Carlão, "mas ainda sabemos fazer isto!", afirma o icónico vocalista dos Da Weasel. E não se inibe de expor a sua vulnerabilidade: "Sim, o nervosismo nunca vai embora", diz Carlão, garantindo que as preparações estão à altura.
Eles têm novos públicos
A importância de repetir o "importante" espetáculo do ano passado é agora elevada pelo peso da responsabilidade do novo público. Virgul, nome artístico de Bruno Silva, diz, entre risos, que "os pais têm feito um bom trabalho". "Temos recebido carinho de gerações depois da nossa que gostam de Da Weasel e continuar a ouvir Da Weasel, ainda que tenham nascido quando já estávamos fora do ativo".
A paragem (sobre a qual é possível ler alguns pormenores na nova biografia), garante Virgul, foi "positiva". "Estamos na melhor fase da nossa relação. Se isso quer dizer alguma coisa, não sei, mas sei que estamos mesmo muito bem uns com os outros". E, quer tenha sido a distância ou a maturidade a trazer ao de cima o melhor da relação entre os seis elementos, todos dão graças.
Regressar aos palcos passados 12 anos - na mesma altura em que foi também lançado um documentário animado sobre a banda da doninha -, traz, inevitavelmente, revivalismos. Mas sem mágoas. "Sempre demos uma no cravo outra na ferradura, e não mudava nada, nem uma letra, desde a música mais lamecha à mais hardcore, porque foi isso que sempre nos definiu", confidencia Jay.
E durante mais de uma década que durou esta separação, ouviam as próprias criações? "É como olhares para a fotografia do teu ex, não dá. Tu pegas na fotografia e arrumas, com carinho, mas arrumas, não estás sempre a olhar para ela, não é?".
Diversidade é a chave
Guilherme Guillaz resume Da Weasel numa palavra: diversidade. "Todos temos muitas referências, e todas elas estão na nossa música".
"Somos uma grande misturada", atira Carlão, que esclarece que "nem é justo para os Da Weasel, nem para o pessoal que fazia hip-hop a 100%, que a banda seja colocada nesse rótulo".
O músico, à época conhecido por Puto P ou Pacman, acredita que "os Da Weasel serviram de intermediários, de ponto de passagem, para quem descobriu o hip-hop através de nós, para depois conhecer o mais puro e duro, o mais convencional".
Sobre o livro "Da Weasel: Uma página da história", Pedro Quaresma fala da preciosidade das memórias que foram criadas como coletivo.
"Descobrirmos aspetos da vida uns dos outros que desconhecíamos. E é engraçado porque passamos tantos anos juntos e ainda assim há coisas que não sabíamos". A obra, assinada pela jornalista Ana Ventura, já se encontra à venda por 21 euros.
Os Da Weasel são cabeças de cartaz logo no 1.º dia do Marés Vivas, uma sexta-feira - o 2.º dia tem J Balvin e o 3.º Black Eyed Peas. O bilhete diário custa 45 euros.