O responsável pela petição "online" a favor da manutenção em Portugal das obras de Joan Miró na posse do Estado, o galerista Carlos Cabral Nunes, comentou, esta terça-feira, que a decisão da Christie's foi "a única decente".
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A leiloeira internacional decidiu cancelar a venda dos 85 quadros de Joan Miró provenientes da coleção do antigo Banco Português de Negócios (BPN) nacionalizado pelo Estado, marcada para ter início esta terça-feira.
A decisão foi tomada depois de o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa ter rejeitado a providência cautelar apresentada pelo Ministério Público, na sequência de um pedido do PS à Procuradoria-Geral da República, para suspender a venda.
A petição "Manutenção em Portugal das obras de Miró", lançada pelos responsáveis da Casa da Liberdade Mário Cesariny, em Lisboa, no início de janeiro, recolheu 9.300 assinaturas até esta terça-feira.
Contactado pela agência Lusa por "email", Carlos Cabral Nunes, que se encontra na Índia para participar com a Perve Galeria numa feira de arte, congratulou-se com a decisão da leiloeira.
"Tinha a esperança que a Christie's, a maior leiloeira do mundo, acabasse por ter a única decisão decente, a de retirar as obras do leilão, porque havia ilegalidades comprovadas", considerou o galerista.
Cabral Nunes disse ainda compreender a decisão para não arriscar a credibilidade da leiloeira junto dos clientes, não se sentindo segura com a venda.
"Eles correriam o risco de se manchar e arriscar isso, colocando em causa um prestígio alcançado ao longo de séculos, era algo que para mim não fazia sentido, mesmo tratando-se de milhões de euros em jogo", comentou ainda.
Carlos Cabral Nunes e um conjunto de artistas ligados à Casa da Liberdade foram os primeiros a levantar o caso das obras de Miró, lançando a petição contra a sua saída do país.
"Espero que a incúria com que este caso foi tratado não se repita, nem em Portugal nem em qualquer outro sítio", disse ainda o galerista.