Fãs percorreram centenas de quilómetros para verem ao vivo a mais célebre boysband portuguesa do milénio: em Lisboa houve quem tenha chegado de manhã para só entrar no recinto à noite, quem tenha ficado acordado durante a madrugada para arranjar bilhete e quem tenha mesmo vindo sozinho.
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Há a chamada geração rasca, há a geração à rasca e depois há a geração D'ZRT - os jovens adultos que cresceram a ver Morangos com Açúcar e que, assim em resumo mesmo muito resumido, tinham a certeza que a pessoa mais fixe de Portugal nessa altura era o Zé Milho, personagem interpretada por Cifrão na popular série juvenil transmitida pela TVI nos anos 2000. Passaram duas décadas desde que a banda saltou da televisão para os palcos e para os discmans e primeiros leitores MP3 da criançada, acumulando, durante vários anos, sucessos de vendas e bilheteiras.
Quando, a 29 de julho do ano passado, Cifrão, Vintém e Edmundo anunciaram um regresso aos concertos, mais de uma década depois do fim da carreira e da perda precoce de Angélico Vieira (que morreu em 2011, na sequência de um acidente de carro), os fãs entupiram o site onde os bilhetes online estavam à venda. E a data anunciada (a única até essa altura) - 29 de abril na Altice Arena, em Lisboa - esgotou em poucas horas.
Adriana e Rui, jovem casal de Gondomar, foram dois dos fãs que não adormeceram enquanto não compraram bilhete. Com um batizado na manhã seguinte, estiveram acordados até às 3 horas para conseguirem lugar. E levaram um dos melhores: um "silver ticket" (bilhete prateado), que custa 90 euros e dá acesso a entrada antecipada no recinto e vista privilegiada para o palco. "Tinha de ser. Os D'ZRT fazem parte da nossa infância e adolescência", explicou o jovem de 26 anos, que, ao contrário da namorada, já viu a banda ao vivo, quando era criança. "Eu não vi, vai ser a primeira vez e acho que vou chorar", confessou Adriana.
Na primeira fila da zona da plateia em pé, agarrada às grades, uma família de oito pessoas vinda de Cabriz (Sintra) trouxe, além de t-shirts a condizer, muitas expectativas para o concerto. "Isto foi assim: uma vez, estávamos a jantar e a minha sobrinha, que é muito fã, desafiou-nos a virmos. Comprámos bilhetes a pessoas que estavam a vender na Internet e viemos todos", contou António Gomes, de 53 anos, que chegou ao recinto eram 8 horas da manhã, para garantir a melhor vista para o palco. "E mesmo assim não fui o primeiro", partilhou António, que é novo nisto de ir a concertos dos D'ZRT. "Nunca fui. Os meus filhos viam os Morangos em pequeno e eu ia acompanhando", disse ainda ao JN, acompanhado pela mulher, Sandra, pelo filho mais novo e pelo resto da família.
Se há quem venha em grandes grupos, há também que não tenha problemas em vir sem companhia. Foi o caso de Bia Soares, 19 anos, que veio sozinha de Paredes só para voltar a ir a um concerto da banda (já tinha ido em 2005, tinha apenas dois anos e, naturalmente, não guarda grandes memórias). "Quando anunciaram, quis logo comprar bilhete, mas depois deixei passar e quando entrei no site já estava esgotado. Liguei às 8 horas para a bilheteira e arranjaram-me um 'silver ticket'. E cá estou", contou, muito entusiasmada por estar a instantes de ouvir "Verão azul" e "Herói por um dia".