Músico é cabeça da cartaz na noite portuguesa do Ageas Cooljazz, esta sexta-feira. Ao JN, fala da importância desta ocasião e do que está a preparar.
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Depois dos Air ou de Chaka Khan, o Ageas Cooljazz entra na fase final de concertos, havendo ainda artistas como Diana Krall, Mariana Sena ou Jamie Cullum para ouvir em Cascais. Antes, esta sexta-feira, a noite é portuguesa e tem Maro e Dino D’Santiago no cartaz. Ao JN, o músico português de origem cabo-verdiana explica como o público vai assistir a um espetáculo novo – e adianta o que vem a seguir.
O que está a preparar para este concerto?
Algo único, com uma formação nova, um novo conceito de espetáculo onde finalmente consegui transpor o som que levou sete anos a construir. É uma estética sonora que era muito difícil de desenvolver com banda, pois mesmo sendo os instrumentos elétricos, não é fácil reproduzir algo que tu construíste, com sons e samples que depois sofrem alterações por conta dos produtores e por termos desenvolvido uma estética que ainda não tinha sido criada, a fundir sons tradicionais de Cabo Verde e de Portugal. Tive muita dificuldade em transpor para banda e finalmente conseguimos isso. É uma mudança, não é um novo Dino D´Santiago nem novas canções, mas sem dúvida um novo momento da minha carreira e talvez aquele onde sinto que vibro mais com energia e amor; e que sempre foi o que senti nos concertos a que assisti no CoolJazz , saí de lá sempre com aquela sensação de amor, de ver Sharon Jones, Jill Scott, Charles Bradley … então acho que vai ser muito especial.
Qual o impacto de atuar num evento desta dimensão?
Para mim gigantesco, porque é um festival que acompanho desde que editei o “EVA”, em 2013. Não só como artista, mas como público, sempre tentei estar presente em concertos, como o do Kanye West e aquele quarteto de cordas incrível e o seu dj. Ou Erykah Badu, um dos concertos onde mais vibrei, com a forma onde um engenheiro de som trabalhava e processava todo o encontro daquela banda, parecia que estava a ouvir o álbum, mas afinal tinhas só uma pessoa a cuidar da voz dela…
O que vem a seguir?
O resto deste ano vai ser muito feliz. Eu e a Luedji Luna, que estamos num single que é o nosso primeiro encontro, o “Oh Bahia”, vamos estar os dois no festival em dias diferentes. E os músicos que me acompanham, a Pri Azevedo (pianista, teclista e acordeonista) é uma música com formação em jazz, artista brasileira de Salvador da Baía, depois o Pete Gau, um baixista inacreditável, também do Brasil que vive em Portugal, formado em jazz, funk e soul. E o Emílio Lobo, neto do grande Ildo Lobo, lenda da música de Cabo Verde, que também tem na sua formação jazz, soul, pop, funk... Acho que, para um ano em que finalmente consegui ter a minha estética reproduzida para uma banda, sinto que vou ter a oportunidade de retribuir tudo o que tenho recebido destes músicos, que muitas vezes ficam atrás das luzes.