Disney alerta para "representações culturais desatualizadas" de filmes mais antigos
A Disney+ entrou no mercado de streaming esta terça-feira e juntou-se a gigantes como a Netflix ou a Apple TV. Porém, houve algo que surpreendeu os assinantes: os filmes mais antigos da multinacional aparecem com o aviso de "representações culturais desatualizadas".
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Algumas das obras de sétima arte mais conhecidas da Disney como "Dumbo", "A Dama e o Vagabundo" e "O Livro da Selva" viram-se mergulhadas em várias críticas de preconceito, racismo e estereótipos nos últimos tempos. Segundo alguns fãs, algumas realidades retratadas nos filmes poderiam transparecer ideias erradas de determinados grupos.
Antecipando-se (ao que parece) a algumas das críticas, o novo serviço de streaming, que disponibiliza filmes icónicos e terá outras produções idealizadas propositadamente para a Disney+, faz um aviso aos espectadores: "Este programa está a ser apresentado como originalmente foi criado. Pode conter representações culturais desatualizadas".
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Segundo a imprensa norte-americana, esta será uma forma da multinacional se demarcar de personagens ou canções que possam conter preconceitos raciais ou estereótipos. Um dos exemplos serão os gatos siameses do filme de 1955, "A Dama e o Vagabundo", desenhados com características asiáticas e com uma personalidade matreira.
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O mesmo se passa com o grupo de cinco corvos do filme "Dumbo" (1941). Para além dos estereótipos negativos apontados para os afro-americanos, a ave principal do grupo chamava-se Jim Crow. Muitos fãs especularam ao longo dos anos que o nome da personagem estava associado à legislação que na década de 40 estabelecia a segregação racial nos estados do sul da América. "Leis de Jim Crow" era a designação do diploma.
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Um dos filmes mais contestados pelos espectadores foi mesmo a "Canção do Sul" que contava a história do Tio Remus, um contador de histórias que dava lições de vida a várias personagens. Foi o primeiro filme da Disney a utilizar pessoas reais com animação. O filme de 1946 não vai constar sequer da lista de filmes do novo serviço de streaming, Disney+.
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A obra transparecia de forma dúbia a forma como os afro-americanos pareciam felizes com a sua condição de escravatura, na altura, perante uma América ainda longe de imaginar que a segregação racial terminaria.
A Disney+ deverá chegar em março à Europa. Ainda não é conhecido quando chegará a Portugal.