O ator Duarte Gomes nasceu em 1986, a 14 de maio. Doze anos depois, exatamente no mesmo dia, desapareceu fisicamente Frank Sinatra. Um dia, numa entrevista, "A Voz", como ficou conhecido, disse: "As pessoas dizem frequentemente que sou um sortudo. A sorte só é importante para conseguires a oportunidade de mostrares no momento certo. Depois disso, tens de ter o talento e saberes como é que o deves usar". E foi por aí que a nossa conversa começou.
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O seu momento de sorte foi aos 14 anos, com a entrada para o Chapitô?
[Ri-se] Por acaso foi. É curiosa essa frase. Foi um momento de viragem, para mim e para todos os jovens que, com 14 anos, são sabem que área [de estudos] é que hão de seguir. Eu estava muito, muito indeciso. Havia sempre o interesse do teatro, mas só tinha experimentado o teatro amador e, então, não conhecia o meio. Não tenho ninguém na família que tenha seguido esta carreira. Foi, de facto, um ponto de viragem porque foi arriscado. De repente, ir para uma escola nova, numa área que eu desconhecia "por completo", que não sabia o que ia encontrar... De repente, mudei-me para Lisboa... [Duarte vivia em Paço de Arcos].
Já com 15 anos.
Fiz as provas com 15 e julgo que, quando entrei, já devia ter 16. É uma viragem gigante. De repente, dou por mim, todos os dias, a apanhar o comboio e o metro para ir para perto do Castelo de São Jorge. Foi um crescimento brutal, principalmente no primeiro ano. Mas foi interessante eu encontrar um espaço diferente e, de repente, começar a gostar de estudar. Eu era um aluno que simplesmente cumpria e, ali, não. Queria dar muito mais de mim e isso é interessante do ponto de vista do jovem...
[O curso no Chapitô] Foi dos momentos mais bonitos, mas dos mais tristes também.
Mas aí já tinha a certeza de que queria ser ator?
Tinha algumas dúvidas. Tive essa certeza já a meio do primeiro ano. Pensei: "Eu estou a adorar isto! Se é para fazer isto, é para fazer a sério". Os três anos passaram a correr. Essa altura foi dos momentos mais bonitos, mas dos mais tristes também, porque me separei dos meus amigos, tinha menos horas para a minha família... Aquele "descolar", com 15 anos, é realmente difícil. Mas ganhei outra família e estava revigorado porque estava, de facto, a aprender coisas que eu queria aprender.
Porquê o Chapitô para essa lição de ensinamento?
Aquela escola oferecia-me um leque um bocadinho maior [do que outras], porque junta dança, circo e teatro. Ganhei uma fisicalidade diferente e uma consciência corporal.
É também por isso que a formação é essencial para um ator?
Sem dúvida, sem dúvida. Na escola, e é mesmo para isso, temos o direito de errar. Os professores estão lá para nos levantarem. Temos de cair ao comprido para alguém nos puxar. Quando estamos a trabalhar, já não há esse erro. Se é erro, vai passar assim, seja em espetáculo [de teatro], televisão ou cinema. Na escola, conseguimos ir um bocadinho além de uma barreira, porque sabemos que podemos errar e no dia a seguir é outro dia. Acredito mesmo na formação. É uma espécie de trampolim. Vamos muito mais bem preparados para o mercado de trabalho. Para mim, devia ser quase "obrigatório".
Agora já com a devida distância, quais são as principais diferenças que encontra naquele rapaz de 14 anos que entrou no Chapitô e no que dá lá saiu, três anos depois?
[Pausa] Primeiro, pela idade que é... É uma idade complicada para os jovens. Achamos que somos completamente livres, que sabemos tomar conta de nós e que não precisamos de ninguém. Passei toda essa fase no Chapitô. Depois, a maturidade que vamos ganhando. Naqueles três anos, foi um crescimento brutal em várias vias - para mim, para ter a certeza de que queria seguir aquela carreira. Houve essa paixão, que se foi tornando numa coisa séria, do género "eu quero isto para a vida".
E enquanto pessoa também há mudanças, claro.
Obviamente. Dar importância a coisas muito simples. Perceber que quando estou a olhar para uma pessoa - nós, atores, somos sempre muito observadores - tenho de ter esse lado de observação mais apurado. E eu, sem querer, levo isso para a minha vida. Estou mais calado do que ouço. Fiquei a perceber mais as pessoas, como é que diferentes pessoas reagem à mesma situação. E depois, quando se entra para o mercado de trabalho, existem outros choques. Eu era protegido e agora estou livre...
Era protegido porquê?
Porque na escola nós somos sempre uns meninos mimados dos nossos professores. Lá está, esse amparar das quedas de que falava. Ganhamos ali uma zona de conforto... No mundo do trabalho, não.
Havia um plano B se este não desse certo?
Havia. Ser piloto de aviação comercial era uma coisa a que achava graça.
Porquê?
Tem muito a ver com aquele desejo de quase toda a gente de viajar. Ter isso no trabalho, ser um "dois em um", trabalhar e viajar ao mesmo tempo... Sempre gostei de aviões em miúdo. Era uma possibilidade. Cheguei a ver, por curiosidade, o preço dos cursos. São realmente muito elevados. Mas essa possibilidade era viável se trabalhasse para tal. Era algo que me fascinava.
Quando eu saí do meu primeiro espetáculo, o meu pai deu-me os parabéns e disse-me que ficou muito orgulhoso. Tinha um brilho nos olhos.
Qual foi a reação dos seus pais quando lhes contou que queria ser ator?
As mães são as mães, não é? Reagem sempre bem. A minha mãe foi uma das pessoas que mais me ajudou nesta procura, sobretudo das escolas. Sempre foi uma pessoa que acompanhou todo o processo de forma alegre e com um sorriso na cara.
Nunca colocou qualquer entrave?
Não, antes pelo contrário. Foi uma das pessoas que mais me ajudou. Sem ela, muito provavelmente, não teria tido essa coragem. Existe o pensamento, [mas] do pensamento à ação ainda vai um bocadinho.
E o seu pai?
O meu pai ficou um bocadinho mais na dúvida se aquilo seria ou não bom para mim. De forma geral, em traços grossos, os pais pensam sempre: "Tirar o curso superior, o mestrado, a tese, etc. e, depois, entrar no mercado de trabalho". O meu pai tinha um bocadinho esse pensamento para mim. Apoiou-me na mesma e nunca pôs qualquer entrave. Depois, viu o meu primeiro espetáculo de escola e, como qualquer pai babado, fica: "Fogo!". Quando eu saí do espetáculo, deu-me os parabéns e disse-me que ficou muito orgulhoso. Tinha um brilho nos olhos e eu pensei: "Conquistei o meu pai. Consegui provar que isto funciona" [os olhos do Duarte brilham].
A entrada nesta área, num novo universo em que pode explorar várias realidades, não servia como uma fuga à sua?
Nunca pus as coisas assim. É possível, se calhar. Simplesmente, senti-me descontente com a escolaridade dita normal. Senti que precisava de cor, que tinha de sair daquilo. Não que estivesse triste em casa, mas queria algo que me fizesse acordar todos os dias de manhã.
E a entrada no mercado de trabalho dá-se logo depois do fim do curso?
Sim. Comecei a trabalhar em vários espetáculos [de teatro], trabalhei com produtoras e depois - tinha feito um casting para a RTP2 - recebo um telefonema a dizer que o projeto ["As Pistas da Blue"] era mesmo para avançar e que queriam ficar comigo. Fui assim na loucura.
E logo para trabalhar para o público infantojuvenil, que é tido como o mais exigente e que o reconheceu na rua durante muito tempo.
Sim [sorri]. Não estava à espera disso. Aquela série era para um público dos dois aos cinco anos. Na altura, pensei que eles quando crescessem já não se iam lembrar. E não se lembram, efetivamente. Mas esqueci-me dos irmãos, das irmãs, das mães, dos pais... E, efetivamente, ainda me abordam sobre isso. Gravei entre 2004 e 2005, mas houve muito tempo de pós-produção e só se estreia em 2006, já eu estava a fazer outras coisas. E, de repente, é um "boom". Mas foi um projeto giro, muito difícil de fazer.
Porquê?
Tinha acabado de me estrear em televisão, sozinho, em croma [cenário virtual], em contracena só com sons e fitas coladas no croma, que seria o andar dos bonecos. Durante nove meses, andei ali meio perdido e a sair completamente fora da minha zona de conforto.
Era um trabalho exigente como ator?
Era, era bastante. Estava sozinho. Basta imaginar alguém sozinho numa sala a falar para o boneco. Literalmente [ri-se].
Tenho um amigo muito parecido com esta personagem [de "Jogo Duplo"]. Eu, sem querer, estava a observá-lo e a pensar: "Olha, é isto! É isto!" É engraçado... e ele nem sabe [ri-se].
Depois dessa época, vem para a TVI...
Sim, venho para a TVI, para os "Morangos com Açúcar".
... que é onde tem cimentado a sua carreira televisiva. Agora está na novela "Jogo Duplo", como Diogo Guerra. O que é que esta personagem tem de si?
Tem pouco. Ele tem uma coisa que eu não sou, que é ser explosivo e achar que toda a gente está contra si. Eu sou uma pessoa muito mais calma. Não tenho, de todo, esse lado, de achar que toda a gente está a magicar coisas contra mim e que toda a gente me quer mal, me deseja mal. Ele tem muito esse lado reativo. Se uma pessoa lhe dá esta garrafa de água [pega numa garrafa], ele desconfia. É porque quer alguma coisa dele. Ele é que faz isso às pessoas, na realidade. Ele quer sempre uma maneira fácil de subir na vida, quer conquistar as pessoas de forma fácil.
Consegue encontrar uma defesa possível para esse comportamento?
Obviamente que cada ator, seja com que personagem for, mesmo a mais maldosa de sempre, acaba por defender a sua personagem e tem as justificações para as coisas. Este rapaz tem um pai [Teodoro, interpretado por João Lagarto] que é alcoólico, que sempre desprezou a família, que foi sempre desligado da família. Tem uma mãe que sempre o defendeu perante o pai, o que levou a que acabasse por ser muito mimado. E depois, como ele tem o feitio exatamente igual ao pai, choca muito com ele, embora se veja que exista ali um amor especial. Depois o irmão [João, interpretado por João Catarré] emigra, sai muito cedo da vida dele. A mãe acaba por falecer de doença prolongada. E ele sentiu-se de repente sozinho. "O meu irmão mais velho foi-se embora, a minha mãe faleceu, estou com um pai que não quer saber de mim e com quem não consigo estar duas horas, quanto mais 24...". E acaba por emigrar também, porque achou que se o irmão ia, ele também iria. Ele tem um bocadinho a síndrome do abandono - vai para outro sítio, vai correr tudo bem, vai ficar rico e nunca mais vai voltar. Mas a verdade é que as coisas não correm bem e ele volta a uma realidade que não quer voltar.
Não tem nada a ver consigo, portanto.
Nada. Tenho uma família incrível. Não tenho esse lado da revolta que ele tem. Claramente, dos três irmãos [a Diogo e João junta-se Alexandre, interpretado por Rodrigo Tomás], ele é o mais revoltado, o mais reativo. Mas ele, no fundo, só quer estar bem. Mas não está bem de maneira alguma. É uma pessoa que não está bem com ela própria, que não encontra o seu espaço.
Sendo tão diferente de si, como foi o processo de construção de personagem?
Fui buscar o lado um bocadinho mais rabugento de mim. Mas eu tenho um amigo muito parecido com esta personagem [ri-se]. Tem uma boa onda brutal, mas está sempre sisudo e desconfortável. Tem muitas discussões com os irmãos. E eu, sem querer, estava a observá-lo e a pensar: "Olha, é isto! É isto!" É engraçado... e ele nem sabe [ri-se novamente].
Já o ouvi a elogiar o João Lagarto. É a primeira vez que trabalha com ele?
Não, é a segunda. Trabalhámos n'"O Bairro" [produção da Plural e da TVI, primeiro em filme, em 2013, e, um ano depois, em série], mas tínhamos um bocadinho menos de contracena. Já o disse várias vezes: é um dos meus atores favoritos. Era uma pessoa que admirava e, de repente, tê-lo como pai é incrível. E é muito giro porque na nossa família criou-se mesmo uma família, ainda nos ensaios. Eu, o Catarré, o Rodrigo... Criámos uma família e fizemos uma forcinha para que acontecesse. E aconteceu, naturalmente. Nós chamamos mesmo pai ao João Lagarto. Tratamo-nos por manos. Não que tivesse de ser esse o processo...
Mas aconteceu.
Aconteceu. Quando estávamos nos ensaios, tentámos criar uma ligação que não tínhamos, porque nós, os três irmãos, nunca tínhamos trabalhado juntos. Forçámos um bocadinho essa ligação no toque, na maneira como falamos... Porque os irmãos, em princípio, têm uma ligação diferente de toda a gente, não é? Guio-me um bocadinho pelo que está à minha volta. Eu comecei a comunicar com a minha irmã - nós temos um ano de diferença - ainda sem falarmos. Comunicávamos e éramos super amigos. E nós [na novela] ficámos uma família. Criou-se uma harmonia muito interessante entre nós, que dura até hoje.
Há cenas mais difíceis? É inevitável não falarmos das cenas mais ousadas entre o Duarte e a Fernanda Serrano e das quais a imprensa tanto falou.
Mais difíceis, depende. Eu, por exemplo, tive uma cena em que matava uma pessoa. Isso para mim é tão difícil quanto uma cena de sedução ou de cama. Sei que se criou um "zum zum" à volta disso, mas essa cena de cama não existe. Existe um antes e um depois. Mas mesmo assim, nos ensaios, fomo-nos conhecendo.
Nunca se tinham cruzado?
Nunca, conhecia a Fernanda apenas do estúdio. Ela, enquanto pessoa, é incrível. Ajuda muito, é super acessível e está disposta a ouvir a opinião de cada um. Nós conversámos com a equipa toda e decidimos que tipo de relação é que aquelas pessoas [as personagens Diogo e Maria João Barbosa] iam ter. Porque aquela relação é uma relação fugaz. Ela tem interesse apenas em dispersar. A personagem dela e a do Nuno Homem de Sá [Afonso] traem-se e eles sabem disso. É uma relação diferente, uma relação aberta. Para ela era mais um rapaz novo e para mim era uma coisa para chegar a este fim. Ou seja, tinha de ser diferente de uma cena de amor. Obviamente que entrar numa "intimidade" é sempre diferente do que entrar numa cena de café. Entra-se no espaço um do outro.
Para mim, uma orientação sexual é uma orientação sexual. Ponto. Se duas pessoas gostam uma da outra, por que não hão de ficar juntas?
Já tinha passado por isso em novelas anteriores? Recordo-me, por exemplo, da novela "O Beijo do Escorpião" (TVI, 2014), onde se pretendia olhar para o amor como o amor apenas [Duarte e Pedro Carvalho davam vida a um casal]. Portanto, se houver intimidade, tem de existir intimidade.
Sim, sim. Aí, por exemplo, já era amor. Eles sentiam mesmo amor. Tem de haver uma maneira real de agarrar o braço, de agarrar o ombro. Aquelas personagens estavam apaixonadas, tínhamos de passar essa verdade. Porque o objetivo principal de uma personagem é passar uma verdade. E eles tinham de ter, efetivamente, uma verdade.
Ainda lhe falam muito d'"O Beijo do Escorpião"?
Sim, sim.
O Duarte e o Pedro esperavam o impacto que a história das vossas personagens teve? Sentiram, em algum momento, que iam marcar a história da ficção?
Nós sentíamos que íamos abordar um tema que ia mexer com muita gente. Pela positiva e, infelizmente, pela negativa. O feedback que tenho tido, ainda agora, são de pessoas que dizem "Esta é a minha história", ou "É incrível como é que vocês conseguiram passar esta verdade", ou "Revi-me nesta história" ou "Tenho amigos meus que estão a passar pelo mesmo e eu mostrei-lhes esta novela para eles verem que o amor não escolhe". Para mim, uma orientação sexual é uma orientação sexual. Ponto. Havia uma verdade, era aquela. E foi importante nós sentirmos que essa verdade chegou ao coração das pessoas, mesmo ao de pessoas que, à partida, não concordavam. Se duas pessoas gostam uma da outra, por que não hão de ficar juntas?
E essa verdade não chegou só ao público português. A vossa história chegou ao Brasil.
Sim, foi incrível. Alguém se lembrou de criar uma série só com cenas nossas no YouTube. O YouTube é uma plataforma que chega a milhões de pessoas e, de repente, havia gente [a ver] do Peru, do México, do Brasil, da Índia, dos Estados Unidos... Os vídeos tinham legendas, estava acessível a qualquer língua e toda a gente teve a oportunidade de conhecer aquela história. Muitas vezes, a malta perguntava-me se havia algum problema na rua. Nada. Zero. E ainda bem que não existe.
Nunca teve qualquer abordagem negativa?
Nada. Zero. Mesmo.
Temos de procurar as nossas oportunidades, elas não nos vão cair no colo.
O Pedro está agora no Brasil. Tem o sonho de fazer uma carreira fora do país?
Sim. Eu sei que vai acontecer, não sei quando. Eu sei porque sinto que para mim era bom esse choque cultural. Fazer as coisas numa língua diferente, com pessoas que tiveram vivências completamente diferentes, que estiveram em escolas completamente diferentes. Nós somos diferentes, de país para país. De repente, vou para Espanha e o método de trabalho deles é diferente. E eu gostava de experimentar essas diferentes culturas e esses diferentes processos de trabalho. E gostava de fazer coisas noutra língua que não a minha.
Tem procurado essas oportunidades?
Pensei que uma das minhas resoluções para 2018 podia ser fazer essa procura. Penso nisso e acredito. Nunca forcei muito isso e deixo as coisas acontecerem naturalmente. Também não é assim que se faz. Temos de procurar as nossas oportunidades, elas não nos vão cair no colo. Se calhar, 2018 pode ser o ano em que haja essa procura. Pode até só acontecer em 2025, mas eu acredito que um dia vai acontecer.
Se a minha vida fosse um "reality show" as pessoas não viam.
Tem conseguido conciliar a televisão com o teatro de forma pacífica?
Por acaso agora não estou a fazer [teatro]. Já não faço há uns bons meses. Em novela é difícil - é possível - e super cansativo [conciliar]. É muito complicado. Eu já o fiz, mas realmente andava muito mais cansado. Mas também depende de cada um. Vejo colegas meus cheios de energia, que é uma coisa brutal. Conseguem conciliar isso tudo. O João Lagarto, por exemplo, esteve a gravar o "Jogo Duplo" e com um espetáculo no [Teatro da] Trindade.
Mas voltar ao teatro é essencial? Encontrar novas coisas para depois voltar à televisão?
Não sinto que uma coisa esteja ligada à outra. É como ler um livro: quando acabamos de o ler, sabemos mais do que antes de o ter lido. Dá-nos um prazer diferente. Não tem de ser melhor ou pior, é um prazer diferente. E é bom, de repente, ter outra frescura na vida. Não sinto que as coisas, pelo menos para mim, sejam assim tão lineares. Tem a ver com o projeto e com o estado em que estamos naquele determinado momento.
[Eu e a minha namorada] temos a nossa história, uma história bonita. Já estamos juntos há anos e é para continuar.
Quando se desliga deste universo, o que se encontra no Duarte?
[Sorri] Sou uma pessoa muito de família e sei que me refugio muito aí. Aproveito os meus momentos para estar com os meus. Adoro a minha vida, de estar em casa com o meu cão, com a minha família, de estar com os meus amigos. Aproveito muito esses momentos. E gosto de fazer pequenas viagens em Portugal, de viajar para fora. Observar outras coisas. Estar um bocadinho na minha a ver as minhas coisas. Se calhar, se a minha vida fosse um "reality show" as pessoas não viam. É super calmo, mas é super fixe.
Mantém a sua vida sentimental privada por algum motivo?
[Ri-se.]
Não é de expor esse lado publicamente.
Não, não sou nem serei. E digo só isto: sinto que ela [a namorada, Rita Sardinha] merece ter a vida dela e estar protegida. Ela não tem de ser afetada pela minha visibilidade. Nós temos a nossa história, uma história bonita. Está a resultar muito bem assim. Já estamos juntos há anos e é para continuar.
Gostava de terminar como comecei. Depois do Chapitô, por que outros momentos de sorte espera no futuro?
Há bocado falámos de trabalhar fora. É, de facto, um objetivo. Tenho 31 anos, não tenho filhos...
... mas pensa nisso?
Para já, não. A maior parte das pessoas tem a vontade de ser pai. Eu também tenho, mas não está muito vincada [ri-se].
Retomando...
Sinto que é uma boa altura para isso [trabalhar fora de Portugal] acontecer. Se calhar pode ser o momento de sorte. De repente, faço um casting, corre-me super bem e alguém do outro lado do mundo diz: "Uau! Quero este miúdo aqui". Seria um momento de sorte misturado com uma oportunidade que agarrei.