Festival decorre até dia 10. Dezenas de propostas para o público descobrir o território.
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Uma semana com dezenas de concertos em espaços urbanos e lugares secretos da natureza, caminhadas sonoras, performances, exposições e experiências gastronómicas é a proposta da nona edição do Tremor, festival com epicentro em Ponta Delgada e réplicas por toda a ilha de São Miguel, nos Açores.
Criado em 2014 para "agitar o centro algo morto de Ponta Delgada", diz Márcio Laranjeira, um dos diretores do certame, a par de Luís Banrezes, Joaquim Durães e Marina Rei, o certame carregava a marca pessoal dos curadores, que pretendiam ver refletida a sua própria experiência de ouvir música, feita de ecletismo e curiosidade, atenta a correntes marginais e aventureiras em registos tão diversos como a folk, o heavy metal, as eletrónicas ou a música erudita. Com a liberalização do espaço aéreo dos Açores, em 2015, e a multiplicação dos voos de baixo custo, o Tremor foi crescendo, de apenas um dia e alguns locais, até à semana inteira que precede a Páscoa e transbordando para vários pontos da ilha.
"Hoje é também uma forma de descobrir São Miguel e a riqueza deste território. Levamos o público à descoberta de lugares como grutas, cascatas ou portos abandonados", diz Laranjeira, que traça o perfil dos cerca de mil espectadores por dia que são aguardados nos vários eventos: "Metade são micaelenses, metade vêm de outras ilhas, do continente e de vários países, sobretudo onde há diáspora açoriana".
Por entre um programa onde se descobrem possibilidades tão vastas como o punk marroquino dos Taqbir, o blues dos Montes Golã dos TootArd, a folk futurista de Lyra Pramuk, a pop-rock brasileira de Sessa e Rodrigo Amarante ou a prata da casa apresentada pelos micaelenses We Sea, surgem os segmentos que reforçam a intenção de aliar a música ao lugar, como os concertos secretos Tremor na Estufa ou os passeios musicados do Tremor Todo-o-Terreno, que têm como guia a performer e compositora Puta da Silva. Incursões gastronómicas a Rabo de Peixe e um dia de programação em Ribeira Grande alargam o impacto do Tremor em São Miguel.
Destaques
Dia 5
Duma
Descobrir que há cena de heavy metal underground na capital do Quénia seria o suficiente para espreitar os Duma. Mas os termos bombásticos com que são descritos aumentam ainda mais a atração.
Dia 6
Baby"s Berserk
Amsterdão e Toronto são as bases de operação deste coletivo que ataca palcos e pistas de dança com a sua proposta de pós-punk e no wave. Reinventar as raves é o objetivo desde os anos 1990. A conferir no Coliseu Micaelense
Dia 7
L" Éclair
Banda suíça ligada à etiqueta Bongo Joe que cruza afro-disco, jazz cósmico e house numa espécie de "tropicalismo alpino". Atuam no coreto do Largo Gaspar Frutuoso, em Ribeira Grande.
Dia 9
Rodrigo Amarante
Ex-integrante da banda brasileira de rock alternativo Los Hermanos, o cantor envolveu-se numa miríade de projetos e parcerias, entre superbandas e a composição de temas para Norah Jones ou Gilberto Gil.
Vários dias
Tremor na Estufa
É tudo secreto: o local do concerto e a banda. Os participantes são informados da localização no próprio dia. É o evento onde se procura a fusão entre a música e o lugar.