Entre os dias 14 e 25 de maio o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) está de volta ao Porto (e não só). A 48ª edição traz produções e artistas de África e da América do Sul, num ano em que acontece o alargamento da área de atuação até à fronteira norte.
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O tema não surge numa epifania, conta Gonçalo Amorim, diretor artístico do FITEI. É "fruto de sensibilidade que os artistas manifestam em palco, mas que advém de problemáticas do complexo mundo contemporâneo como a crescente ameaça às democracias, alterações climáticas, e o universo da (falta de) saúde mental". A perpetuação e densificação das problemáticas que motivaram o “Trauma, Bravura e Fantasmagorias”, tema do último biénio, está também por trás da 48ª edição do maior festival portuense de Teatro.
A preconizar o evento estará uma “walking art performance”, por Rui Paixão, a percorrer locais inusitados do Porto, criticando uma sociedade que vive obcecada com a aparência. A estreia em palco estará ao encargo de “Aura Sexo e Morte: Entre Estados Libidinais e Liminares”, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, em 11 sessões entre as quatro da tarde e as nove e meia da noite. “Vampyr” é o culminar de uma trilogia de Manuela Infante que se dedica a explorar o “não-humano”. A partir das 19 horas no Teatro Carlos Alberto, seguido de DJ Set por Von Calhau no mesmo local. A programação completa está disponível no site do evento.
Levar o teatro mais longe
O FITEI quer permanecer um festival portuense, mas tem vontade de alargar a sua presença ainda além da área metropolitana do Porto. É completada uma década desde a estreia do Festival em Viana do Castelo, Capital da Cultura 2025 do Eixo Atlântico, neste ano da 48º edição.
Nesta linha de expansão (para o norte) surge uma novidade: vai chegar ao Cine-Teatro João Verde, em Monção, um espetáculo: “Última Esperança”, do Coletivo Cuerpo Sur, chileno, é apresentado a 24 de maio. Estreia nacional e uma coprodução FITEI, é um “espetáculo criado fora da normatividade do ver”, nas palavras do diretor artístico do Festival Gonçalo Amorim. A partir de testemunhos e experiências, é explorado o tema da cegueira e da compreensão da realidade segundo este prisma. Propõe uma reflexão: “quem não vê, deixa de ser visto?”.
As secções FITEI
A semana e meia de “Espectros, Eros e Sacrifícios” não se faz só nos auditórios. O programa promove várias secções dirigidas a variados públicos.
“FITEI e as escolas do Porto” dá palco a exercícios e espetáculos criados no contexto das escolas de artes do espetáculo portuenses. Dentro do “FITEI Aberto” está a exposição “Liberdade! Liberdade! A revolução no Teatro” no Museu Nacional do Teatro e da Dança, ainda no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril. O “FITEI Pro” vai desenvolver atividades específicas para programadores, artistas e não só; esta secção surge da crescente internacionalização de obras artísticas portuguesas nos últimos anos. Há ainda o “Isto Não É Uma Escola FITEI” vai trazer vários artistas a partilhar com o público procedimentos criativos em encontros, masterclasses e workshops.
A 48ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, que se assume como político, acontece entre o Porto, Gaia, Matosinhos, Vila Real e Monção entre os dias 14 e 25 de maio.