Festivais das mais diversas linguagens e estéticas artísticas marcam o calendário outonal das instituições culturais. Entre dezenas de espetáculos, o difícil de escolher.
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Os dados estão lançados. Apresentado o grosso da programação das instituições culturais até ao final do ano, este promete ser o outono do nosso contentamento, inflacionado por dois outonos pandémicos em que a programação ou não chegou a acontecer, ou foi caindo a conta-gotas do coador do medo e das restrições. A dar sinais da retoma do fim do verão, as Feiras do Livro (Porto e Lisboa), as dezenas de noites brancas promovidas pelas autarquias e acontecimentos como o concerto da Orquestra Sinfónica da Casa da Música nos Aliados auspiciam grandes colheitas.
instituições estatais
Teatro e ópera à portuguesa
Os Teatros Nacionais abrem esta semana com a prata da casa. No S. João, no Porto, a partir de quarta-feira é possível assistir à produção "A praia", de Peter Asmussen, com encenação de João Reis e "Talvez... Monsanto", de Ricardo Pais, a partir de sexta-feira.
"Casa portuguesa", de Pedro Penim, abre o Teatro Dona Maria II, em Lisboa, no dia 24. A Companhia Nacional de Bailado inaugura a temporada com "Deste mundo e do outro", coreografia de Olga Roriz para o centenário de José Saramago, dias 24 e 25 de setembro, no Centro Cultural de Belém. A temporada lírica do S. Carlos abre a 1 de outubro - Dia Mundial da Música - com a ópera "O elixir do amor", de Donizetti, e um aumento de cinco euros nos bilhetes, já devidamente publicados em "Diário da República".
O Coliseu Porto também regressa às produções operáticas com "Tosca", a 23 de setembro, com direção do maestro José Ferreira Lobo.
cultura gratuita
Três dias em que perdemos algo
A inflação não contamina toda a cultura, havendo várias atividades gratuitas. Exemplo disso é o fim de semana de arranque da nova estação, na cidade do Porto, que fará com que o público tenha a constante sensação de estar a perder algo e efetivamente estará.
Em sobreposição estão o regresso da Festa do Outono à Fundação de Serralves (dias 24 e 25) e a estreia do Festival Mimo no Porto (as anteriores edições decorreram em Amarante).
Este primeiro Mimo portuense (23 a 25) vai ocupar 11 palcos do centro histórico, com mais de 20 concertos: Emicida, Chico César, Pedro Burmester, Maria João & Mário Laginha entre outros; 11 DJ sets, entre os quais o lendário Don Letts; além de workshops, alguns também pensados para os mais novos.
A esta fartura juntam-se, num raio de 30 quilómetros a norte, o Festival Circular, em Vila do Conde, com os seus espetáculos finais, no dia 24 (Diogo Tudela e Supernova Ensemble e Mike Cooper) e, a partir do dia 23, na Póvoa de Varzim, o É-aqui-in-ócio, festival internacional de Teatro da Póvoa de Varzim.
pop rock e metal
Música passa para dentro de portas
Apesar da sazonalidade dos festivais de grandes dimensões ser incomparável, o calendário outonal é pintalgado por certames igualmente interessantes, mas invariavelmente mais intimistas. Um dos concertos mais esperados do ano é a digressão de "Motomami", de Rosalía, dia 25 de novembro, no Altice Fórum, em Braga, e dois dias depois na Altice Arena, em Lisboa.
A 21.ª edição do Festival O Gesto Orelhudo decorre de 5 a 8 de outubro, no Centro de Artes de Águeda, com quatro grandes noites de "musicomédia". A abrir: The MozART Group, da Polónia.
Braga concentra outras grandes propostas: de 30 de setembro a 1 de outubro, o Theatro Circo acolhe o Festival para Gente Sentada, entre outras delicatessens estará Helado Negro, no primeiro dia, e os Villagers, no segundo. Umas semanas depois (27 a 30 de outubro) volta o Semibreve, certame dedicado à música eletrónica e a artes digitais, com quartel-general no Theatro Circo.
A Avenida da Liberdade, em Lisboa é tomada de assalto pelo Super Bock em Stock, nos dias 19 e 20 de novembro. A fórmula é simples: dois dias, dez palcos, 50 artistas. Destaques: Miami Horror, desafiante eletrónica australiana, e Porridge Radio (indie rock).
"A edição do que fomos e do que seremos, será a mais marcante e a mais arrepiante": é a promessa do Amplifest, festival de metal no Hard Club, Porto, que se parte em dois fins de semana (7 a 9 e 13 a 15 de outubro).
tradição
Marionetas e as formas animadas
Um dos grandes certames teatrais de outono é o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP): contempla de 1 a 16 de outubro uma panóplia de espetáculos internacionais, em estreia nacional. O cartaz contém propostas disruptivas do Chile ("Como convertirse en piedra", de Manuela Infante, TeCA, 15 de outubro) à Coreia do Sul, que traz o artista Jaha Koo e tem um forno elétrico como coprotagonista (Rivoli, 13 e 14 de outubro), passando pela Chéquia, com "Hic sunt dracones", do Theatre Continuo (14 de outubro, Teatro Constantino Nery, Matosinhos).
mês cinéfilo
Quanto cinema tem novembro?
Novembro é o mês dos cinéfilos. O 46.0 Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho aterra de 16 a 26 de novembro. O Olhares do Mediterrâneo - Festival de Cinematografia Feminina realiza a sua 9.ª edição na Cinemateca e no Cinema São Jorge, em Lisboa, com o Líbano como convidado.
O Porto Post Doc é o festival do cinema do real do Porto, este ano com um grande foco no Brasil, à boleia da efeméride dos 200 anos da independência.
Destaque
Três ciclos na Casa da Música
A Casa da Música recebe três ciclos na sua programação até ao final do ano. De 9 a 28 de outubro, o Outono em Jazz inclui o reencontro da Orquestra Jazz de Matosinhos com o Remix Ensemble para apresentar, em estreia mundial, uma composição de Erkki-Sven Tüür, a 23 de outubro. O Misty Fest também marca a programação, com concertos de Joe Rainey e Low (31 de outubro), Rita Vian (5 de novembro) e Christian Löffler & Detect Ensemble e Joep Beving (9 de novembro).
"À volta do barroco" terá a sua 17.ª edição de 4 a 12 de novembro. Um dos destaques será o concerto do violinista Ilya Gringolts, dia 6.