Guidance convoca Israel Galván, Rocío Molina e La Chachi para 2025. Festival decorre de 6 a 15 de fevereiro no Centro Cultural Vila Flor.
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A 14.ª edição do Festival Internacional de Dança Contemporânea de Guimarães, de 6 a 15 de fevereiro de 2025, inventou um neologismo: “outralidade”. O vocábulo revela a intenção programática: já não basta reconhecer o lugar da diferença, é preciso “incorporá-la na forma como nos descobrimos”, diz o diretor do festival, Rui Torrinha.
O cartaz do Guidance 2025 conta com várias estreias nacionais, num programa que junta criadores como Israel Galván, Rocío Molina, María del Mar Suárez La Chachi, Vera Mantero e Susana Santos Silva, Clara Andermatt, entre outros.
E salta imediatamente à vista: o “flamenco reinventado” ocupará um lugar de destaque nesta edição do festival de dança contemporânea que instala a sua sede no Centro Cultural Vila Flor.
Rocío Molina no primeiro dia
A abrir, a 6 de fevereiro, Rocío Molina apresentará “Al fondo riela (lo outro del uno)”, um espetáculo onde Rocío surge rigorosamente vestida de preto, acompanhada por dois guitarristas.
É uma peça sobre a perda da realidade, onde a artista (premiada com o Leão de Prata da Dança na Bienal de Veneza em 2022) baila farrucas, seguiriyas, bulerías e soleás.
La Chachi com Lola Dolores
No dia seguinte, o flamenco volta ao palco com “Taranto aleatório”, da coreógrafa e bailarina María del Mar Suárez, a célebre La Chachi, e neste espetáculo surgirá acompanhada pela dramática cantora Lola Dolores.
A fechar o Guidance 2025, volta o flamenco, com a estreia nacional de “La consagración de la primavera”, de Israel Galván, a 15 de fevereiro.
Aqui, o dançarino utiliza todo o seu corpo como caixa de ressonância e evolui ao ritmo da música interpretada ao vivo pelos pianistas Daria van den Bercken e Gerard Bouwhuis.
Este é um dos espetáculos selecionados no âmbito da rede europeia de apoio à dança contemporânea emergente Aerowaves, onde se inscreve o Centro Cultural Vila Flor.
Mantero e multimédia
Ainda na órbita desta rede surgem três novas peças. A primeira é “SubLinhar”, criação da portuguesa Marta Cerqueira (9 fevereiro), dirigida aos mais novos, que pretende promover um olhar sobre a dança enquanto veículo de autoconhecimento, conhecimento do outro e do Mundo.
Depois: “Here, I bequeath what doesn’t belong to me”, de Habib Ben Tanfous, espetáculo em estreia nacional, a 14 de fevereiro.
Por fim, outra estreia: “Bless the sound that saved a witch like me”, de Benjamin Kahn (dia 15).
A 8 de fevereiro, os imaginários da coreógrafa e bailarina Vera Mantero e da trompetista Susana Santos Silva cruzam-se num espetáculo homónimo que envolve música, artes visuais e multimédia.
A importância do outro
Rui Torrinha, o diretor do Guidance, explicita agora melhor a ideia da “outralidade”.
Diz: “Após termos celebrado a Humanidade na 13.ª edição, percebemos que reconhecer o lugar da diferença já não chega, não está a conseguir transformar a sociedade como queremos”. E assim criou-se a nova palavra “outralidade”.
O que é exatamente? “É uma proposta sobre a importância de nos descobrirmos a nós mesmos a partir do outro”.
O conceito assenta perfeitamente em “Sensorianas” (dia 13 de fevereiro), de Clara Andermatt, uma peça inspirada pela diáspora iraniana em Portugal, focada no universo feminino.