Ex-dançarinas da cantora americana Lizzo estão a processar a artista por alegado assédio sexual, religioso e racial, além de preconceito e discriminação. “Ninguém denuncia porque tem muito medo”, sublinham Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez.
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As dançarinas Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez avançaram com uma ação judicial, na terça-feira, no Tribunal Superior de Los Angeles, contra Lizzo, a empresa da artista e a coreógrafa Shirlene Quigley.
A cantora norte-americana está a ser acusada de assédio sexual, moral, racial e religioso e de criar um ambiente de trabalho hostil. Isto quando tem usado como bandeira valores, em palco e em ações públicas, como amor-próprio, aceitação do corpo e combate à gordofobia.
As queixosas, segundo o depoimento a que NBC News teve acesso, denunciam atitudes abusivas da artista, que alegadamente forçou uma das três ex-bailarinas a tocar “em artistas nus”, enquanto estava no bar Bananenbar, no Red Light District, em Amesterdão, apesar de esta se ter recusado "mais de três vezes".
O processo regista que as festas pós-concertos de Lizzo eram rotineiras, mas não obrigatórias. No entanto, quem comparecesse era favorecido pela cantora, de 35 anos, cujo nome verdadeiro é Melissa Viviane Jefferson.
Lizzo é ainda acusada de discriminação, após despedir uma das bailarinas que ganhou peso. Arianna Davis conta que sentiu que tinha que explicar detalhes íntimos, a fim de manter o emprego, e como a ansiedade a levou a comer compulsivamente.
A jovem admite que "ninguém denuncia porque tem muito medo de perder os seus trabalhos", tal como também lhe aconteceu. “Estava apavorada devido ao meu trabalho”, acrescenta.
Lizzo, que em julho atuou em Portugal, no Nos Alive, ainda não reagiu às acusações, que ainda não foram julgadas. Os factos terão ocorrido entre 2021 e 2023 e o processo foi aberto esta semana, quando a música “Pink” entrou no top, impulsionada pelo sucesso do filme “Barbie”, que tem o tema na banda sonora.
Mas a cantora já começa a sofrer as consequências das queixas. Na terça-feira, Beyoncé retirou o nome da Lizzo, que tem no currículo vários prémios Grammy, da letra de “Break My Soul” (The Queens Remix), no concerto que deu em Foxborough, no estado norte-americano do Massachusetts, quando elogia mulheres negras.