Uma guitarra soa por colombianas, as palmas aceleram o compás e entram por buleria. É um concerto de flamenco? Não, é um concerto de fado.
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Fado Violado que, na sexta-feira, apresentaram no Passos Manuel, o seu disco de estreia "A jangada de pedra".
Para assegurar o que ao fado concerne está Ana Pinhal, reconhecida cantora desta nova geração de fadistas do Porto. Na guitarra espanhola e na composição Francisco Almeida, autor dos cinco originais que figuram no disco. Ainda que esta dupla seja o núcleo duro do projeto que mescla fado e flamenco, eles vêm arroupados por outros músicos: baixo, cajón e coro/palmas espanhóis.
O conceito, como dizia Fernando Pessoa, "primeiro estranha-se depois entranha-se". Não se sabe se fazer silêncio porque se trata de fado, ou se tocar as palmas e "jalear" porque é flamenco. A beleza deste trabalho reside nessa ambiguidade.
Prova disso é o single "A rosinha dos limões", conhecido fado que ganha um novo brilho à luz dos arranjos flamencos e cujo coro em castelhano parece que sempre existiu ali. Mas como diz a letra de "Fado de Deus apercebido" é a "cruel comparação com o projeto original".
Entre os fados conhecidos: "Grão de arroz" por bulerias e "Barco negro" por tangos, são outras das versões imperdíveis deste disco. Nos originais "Asas" e "Fado de um deus apercebido" estão muito bem conseguidos.
Este sábado apresentam-se às 21.30 horas na Casa da Cultura, em Paredes.