Fernando Tordo, 74 anos de idade, 54 de carreira, canta canções de Natal hoje na Póvoa de Varzim, dia 8 no Pombal e dia 17 no Estoril.
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Durante três noites, os portugueses vão embarcar numa viagem no tempo. O ano era 1978 e um disco editado por Fernando Tordo, com Carlos Mendes e Paulo de Carvalho - e as letras intemporais de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa - viria a tornar-se num marco persistente de diferentes gerações. Um projeto único onde o universo infantil, a quadra natalícia e a análise social se uniam. Mais de 40 anos depois, "As canções dos Operários de Natal" estão de volta em três espetáculos: hoje no Casino da Póvoa de Varzim; no dia 8 no Jardim do Cardal, em Pombal; e no dia 17 no Casino Estoril.
Os concertos vão passar em revista o famoso disco infantil "Operários do Natal", revisitando todos os clássicos que integram o álbum, como "Os amigos", "Os palhaços", ou "Os pais". São oportunidades únicas para recordar as histórias por detrás de cada música, num regresso que acontece por causa do público - e a pedido dele.
"É uma coisa muito interessante, ao longo destes anos todos havia sempre muita gente a perguntar-me pelas "Canções dos Operários de Natal". Todos os anos, sobretudo nesta época. Era uma coisa até estranha, que até a mim me surpreendia. Porque o disco nunca passou, foi uma grande surpresa na altura e ficou registado na memória das pessoas e elas não o esqueceram", revela Fernando Tordo ao JN.
"Vou cantar tudo"
No ano passado, o cantor decidiu voltar a algumas canções e para este Natal criou um espetáculo novo dedicado ao disco. "Vou cantar todos os temas, mesmo os que nunca cantei - porque alguns eram cantados pelo Carlos Mendes ou pelo Paulo de Carvalho", explica.
Com 74 anos de idade e uma carreira de 54, o autor construiu um património de canções que fazem já parte da história da música em Portugal e, nestes espetáculos, além de recordar os temas de Natal, levará ao palco outros temas incontornáveis - tanto do seu reportório, como do dos convidados de luxo que o vão acompanhar: o fadista Ricardo Ribeiro e a cantora Rita Redshoes.
"O Ricardo e a Rita são pessoas de quem gosto muito, com quem me dou muito bem e de grande qualidade a nível musical. Estarem comigo dá grande flexibilidade ao concerto, porque são estilos muito variados", adianta Fernando Tordo. Sendo que "qualquer um deles vai cantar "As canções dos Operários de Natal", mas também material deles. Acho que vai ser muito bom", diz Tordo.
para pais e para filhos
O resultado final é um espetáculo para os pais, para os filhos, para os pais mostrarem aos filhos. "É para todos, precisamente para toda a gente. É para as crianças daquele tempo, para aqueles, como eu, que já eram adultos... É mesmo para todos, especialmente porque há uma mistura com canções modernas que será muito interessante", explica o artista.
Sobre o disco original, Fernando Tordo assume: "Cantavam-se coisas que nunca tinham sido mostradas assim. Não era um disco interventivo no sentido político, mas repare nesta letra: "Não nos mintam nunca mais, a mentira é uma vergonha. Fomos feitos pelos pais, não viemos na cegonha". Já viu? Não deixa de ser um pequeno choque para a sociedade, como as outras letras de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa. Eram coisas que mexiam sempre com aspetos um pouco tabu na sociedade. Nesse sentido, o álbum também marcou esse tempo e marcou uma posição em relação à sociedade que despontava naquela altura", explica Fernando Tordo. Entretanto, as coisas mudaram, "mas o disco tem coisas que continuam perfeitamente atuais", assume o artista.
há ainda mais convidados
Sobre o futuro, o cantor que há menos de um ano editou "Os fados que eu fiz" não faz tenção de baixar o ritmo. "Se houvesse possibilidade, até editaria mais discos", frisa. "O meu trabalho dá prazer, dá-me prazer, é muito bom para mim fazer isto", conclui Fernando Tordo.
A acompanhar o cantor em palco estarão ainda Valter Rolo (piano), Lino Guerreiro (saxofone e flauta), bem como o Coro Infantil e Juvenil de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, no espetáculo de Pombal, e o Coro Infantil de Carcavelos, no Estoril.