Um festival de teatro acessível a todos os públicos, com 11 projetos nacionais e um espanhol, vai decorrer, de 8 a 17 de novembro, em Viana do Castelo.
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Os espetáculos incluem tradução simultânea em língua gestual portuguesa, reconhecimento de palco e audiodescrição para cegos e pessoas com baixa visão, e legendagem em inglês, além de conversas após apresentações.
Da programação constam peças da companhia da casa, Teatro do Noroeste-Centro Dramático de Viana, do Chapitô, Peripécia Teatro, SAARACI Coletivo Teatral, e teatros do Bolhão, das Beiras e de Braga, entre outras. Durante todo o certame, há um espectáculo por dia, e dois nos últimos dois dias (16 e 17). Os horários das apresentações variam entre as 21, as 11 e as 19 horas. E há criações teatrais para adultos e também para o público infanto juvenil.
“Uma das marcas que nos distingue ou através da qual tentamos distinguir-nos é a acessibilidade em todos os espetáculos. Isto não é propositado, mas infelizmente ainda é assim, é o único festival de teatro do país em que todos os espetáculos têm recursos de acessibilidade”, afirmou Ricardo Simões, diretor artístico do Teatro do Noroeste- Centro Dramático de Viana, companhia residente de Viana do Castelo, anfitriã do certame que vai decorrer no Teatro Municipal Sá de Miranda, e que foi apresentado esta terça-feira em conferência de imprensa, conjunta com a câmara local.
Aquele responsável explicou que a audiodescrição, por ser “um recurso bastante dispendioso” (1200 euros por sessão), estará disponível apenas no espetáculo de abertura, no dia 8, “Rottweiler Vs Chihuahua", com texto do autor e encenador espanhol Guillermo Hera, falecido em 2023, mas, de resto, todos os espetáculos vão incluir reconhecimento de palco.
“Antes do espetáculo começar, as pessoas cegas inscrevem-se e vão ao cenário, vão tocar inclusivamente nas roupas, vão conversar com os atores, conhecer texturas e cores”, descreveu, referindo que também a legendagem em inglês se foi tornando útil porque “há pessoas de dezenas de nacionalidades que vivem na região”. “Elas vão aparecendo, à medida que vão sabendo que existe a legendagem”, disse Ricardo Simões, considerantando que o festival “é uma espécie de balão de ensaio para todos estes recursos [de acessibilidade]”. “São minorias menos visíveis, mas nós sentimos que não só é uma obrigação e um dever cívico, um imperativo moral, mas também é uma forma de, com humildade, fazermos o nosso trabalho e de nos confrontarmos com as necessidades dos públicos mais variados”, acrescentou.
Destaque para a estreia da Companhia do Chapitô em Viana do Castelo, com o espetáculo “Júlio César”, no dia 14 (21 horas), o infante juvenil “Húúúmus!!!”, do grupo Peripécia Teatro, no dia 15 (21 horas), e a peça “As que limpan”, da companhia “A Panadaría”, de Vigo, que se tornou uma “coqueluche” no país vizinho. “Têm mais de 200 espectáculos agendados por toda a Espanha. É uma co-produção com o Teatro Dramático Nacional de Madrid”, adiantou Ricardo Simões.
Na conferência de imprensa de apresentação do festival, o vereador da Cultura, Manuel Vitorino, referiu a importância de tornar a atividade cultural, no caso teatral, “mais acolhedora” em termos de públicos. “A acessibilidade é um dos aspetos importantes e que fazem deste um festival inclusivo”, disse.